Na Terra, dormir pode ser uma tarefa complicada para quem sofre de insónias, não se abstrai dos problemas ou não consegue encontrar uma posição confortável na cama. Para outros, o que é difícil é mesmo acordar. Mas, no espaço, as coisas complicam-se um pouco mais.
O horário de luz é completamente diferente daquele que temos aqui na Terra: amanhece e anoitece num período de apenas 90 minutos, o tempo em que a nave espacial demora a dar uma volta à Terra. O cansaço é difícil de medir. A falta de gravidade não permite aos astronautas ficarem parados e deitados numa cama.
Então, como é que a NASA consegue garantir que os seus profissionais tenham o sono em dia para realizarem as tarefas programadas?
Numa entrevista ao The Washington Post, Erin Flynn-Evans, líder do Programa de Investigação de Sono da NASA, diz que uma das suas principais preocupações é tentar controlar o ciclo de luz e de escuridão que existe na nave espacial.
Quando pretendem que os astronautas se mantenham acordados, a NASA muda o comprimento de onda da luz para azul. Por ser associada à cor do céu, o azul tem grande impacto no ciclo circadiano – é o ciclo biológico de 24 horas, comum a quase todos os seres vivos, que é influenciado pela variação da luz – dando a sensação que está de dia. Quando querem que os astronautas descansem, mudam a cor para vermelho.
Mesmo com este controlo da luz, o corpo tem dificuldade em adaptar-se ao horário e dessincroniza-se. Por isso, os astronautas têm maior dificuldade em perceber se estão ou não cansados e, mesmo que cumpram os horários estipulados, podem não conseguir dormir, de todo, quando assim lhes é pedido.
Esse cansaço provoca desatenção. A desatenção, mesmo que pequena, pode desencadear situações trágicas, uma vez que falamos de profissionais com muita responsabilidade em mãos – e por isso o trabalho da Dra. Erin Flynn-Evans é tão importante.
Outro problema da dormida espacial é a dificuldade em encontrar uma posição confortável. Por se tratar de um ambiente sem gravidade, os astronautas não têm controlo sobre as suas mãos e as suas pernas, podendo até, por acidente, dar um estalo a si próprios.
Para contornar isso, na Estação Espacial Internacional, cada pessoa tem um espaço individual, onde pode prender-se à parede dentro de um “saco de dormir” e fechar a porta. Desta forma sentem maior estabilidade e pressão.
O astronauta Chris Hadfield fez um vídeo para mostrar aos terráqueos precisamente este processo. O canadiano tornou-se um sucesso nas redes sociais depois de partilhar fotografias e vídeos de experiências vividas durante a sua estadia na Estação Espacial Internacional.