No máximo, o drone pode voar 20 minutos, numa distância de cinco quilómetros, com um quilo de carga
Quantas vezes já pensou como seria bom ao estalar dos dedos aparecer-lhe o que precisa à frente? É mais ou menos o que vai acontecer a Joaquim Reis, o septuagenário que é o último habitante de Podentinhos, uma aldeia a cinco quilómetros de Penela, no distrito de Coimbra. A ajuda alimentar, que faz parte do apoio domiciliário prestado pela Santa Casa da Misericórdia de Penela, vai começar a ser entregue por um drone, a partir da próxima semana. Este é um projeto piloto da startup Connect Robotics, fundada por Eduardo Mendes e Raphael Stanzani, em fevereiro do ano passado. Desenvolvida a partir do UPTEC, Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, a ideia inicial da Connect Robotics era fazer software para pilotar os drones de forma autónoma. Parece que estão no bom caminho. Depois de alguns testes feitos com um protótipo, chega na próxima semana o drone que encomendaram à Sleek Lab, empresa de Coimbra. Trata-se de um hexa-rotor, um aparelho com seis braços e seis motores. “O sistema foi pensado de modo a que qualquer pessoa o possa pilotar, depois de ter formação”, explica Raphael Stanzani, 28 anos, engenheiro de gestão industrial e diretor de negócios da startup. Natural de São Paulo, no Brasil, Raphael veio morar para Portugal, há três anos, depois de ter casado com uma portuguesa.
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O software criado pela Connect Robotics permite definir a rota
A operação será o mais simples possível. A marmita, que no máximo pode pesar 2,5 kg (incluindo embalagem e alimentos), tem um gancho que encaixa na parte de baixo do drone. No telemóvel instalado no drone recebe-se a confirmação que está bem encaixada e pronto a voar. Depois é a vez de o gestor de voos analisar as condições climatéricas (se o vento está forte, por exemplo), definir a rota (neste caso são dois quilómetros para cada lado) e confirmar a autorização do recetor (que poderá estar previamente definida para todos os dias, à mesma hora). A duração máxima do voo poderá chegar aos 20 minutos e uma distância até cinco quilómetros. À chegada junto do senhor Joaquim Reis, o gancho solta a marmita e este não terá de fazer mais nada.
Ainda sem duração definida, esta experiência pretende sobretudo captar a atenção de outros operadores logísticos para formar parcerias. À Connect Robotics interessa piscar o olho a grandes empresas, desde os CTT – Correios de Portugal até um pequeno estafeta em qualquer ponto do país. “Tecnicamente é possível operar nas grandes cidades, o principal impedimento poderá ser o benefício económico, pois é mais barato um estafeta entregar um conjunto de encomendas no mesmo sítio do que enviar um drone para cada pedido”, diz Raphael Stanzani. Para que o drone voe nas grandes cidades é preciso que existam zonas amplas e desimpedidas de interferências de sensores de localização.