Numa conferência de imprensa realizada em Queenstown, Nova Zelândia, Pavlina Pižova, que passou 30 dias sozinha nas montanhas da Nova Zelândia, revelou como conseguiu sobreviver a esta provação.
Pižova e o seu companheiro Ondrej Petr iam fazer o percurso de Routeburn, no parque nacional de Fiordland. A caminhada começou no dia 26 de Julho e, ao segundo dia, devido a forte nevoeiro e queda de neve, o casal perdeu-se e saiu do percurso principal. Passaram uma noite ao relento e, no dia a seguir, segundo o relato de Pižova, o seu namorado escorregou e caiu por uma encosta íngreme, morrendo pouco depois.
Pižova continuou a sua caminhada para alcançar o dormitório público do Lago Mackenzie, com capacidade para albergar 50 pessoas, mas devido às condições meteorológicas extremas viu-se forçada a pernoitar mais duas noites ao relento. Vladka Kennet, a tradutora, mostrou-se surpreendida, incapaz de compreender como é que a turista checa sobreviveu, considerando a sua compatriota uma “mulher muito resistente”. Cônsul honorária da República Checa na Nova Zelândia, Kennet contou que Pižova encheu o seu saco de cama com tudo o que encontrou para a manter quente e massajou sempre os pés de forma a não perder a sensibilidade.
A viagem da turista até à cabana demorou dois dias por causa do cansaço, dos seus pés gelados e da pouca visibilidade. Pižova explorou o dormitório público antes de abrir a janela da cabana do guarda florestal, que era mais pequena mas encontrava-se bem abastecida. Na cabana tinha comida, gás e lenha. E um rádio para comunicar – mas como as instruções estavam escritas em inglês, a turista não conseguiu que funcionasse.
“Tendo em conta a minha saúde, a forte queda de neve que se fazia sentir e sabendo que tinha trilhos com possibilidade de avalanches à minha frente, achei por bem ficar na cabana”, afirmou, citada pelo The Guardian.
Durante o mês em que ficou instalada na cabana tentou fazer um par de sapatos para a neve com madeira e bastões de caminhada e desenhou um “H” no chão com cinza da lareira de forma a conseguir chamar à atenção de helicópteros que sobrevoassem a área.
Antes de partir à descoberta, o casal não avisou sobre os seus planos. Um mês depois de desaparecer do ‘radar’, o consulado da República Checa decidiu chamar as autoridades e o carro de Pavlina Pižova foi encontrado à entrada do parque. Um helicóptero foi destacado para percorrer o percurso e Pižova acabou por ser encontrada.
Segundo a polícia, a turista estava de “boa saúde” e feliz por poder regressar à civilização. Apelidou quem a resgatou de “heróis”. Durante a conferência de imprensa, apelidou os homens que a resgataram de “heróis”, mantendo-se firme até quase ao final, quando quando agradeceu à polícia neozelandesa e à sua tradutora tudo o que fizeram por ela. Aproveitou ainda para encorajar todos os turistas a avisarem outras pessoas sobre os seus planos de caminhada e a nunca subestimarem as condições climatéricas.
A polícia acredita ter encontrado esta sexta-feira o corpo de Ondrej Petr, perto do local onde ocorreu a queda.