O nome pode não lhe dizer nada, mas Pedro Domingos é bem conhecido no mundo das tecnologias nos Estados Unidos. Este português de 50 anos, formado no Técnico e professor de ciências da computação na Universidade de Washington, foi recomendado pelo Bill Gates como um dos dois autores a ler para compreender os caminhos da inteligência artificial. O seu livro “The Master Algorithm” foi apontado pelo fundador da Microsoft numa conferência como obrigatório nesta matéria. O outro livro recomendado foi “Superinteligência”, de Nick Bostrom.
O livro do professor português, que a VISÃO entrevistou e de quem traça o perfil nesta edição que chega agora às bancas, versa sobre a área específica da “machine learning” ou aprendizagem automática. Numa obra de divulgação, que escreveu a pensar num público vasto e não apenas nos geeks de Silicon Valley ou Seattle, onde se move, Pedro Domingos fala das cinco grandes “tribos” de informáticos que estão a desbravar caminhos nesta área, onde o mote é programar os computadores para aprenderem com a informação recolhida e não para “apenas” obedecerem a ordens específicas. Na sua visão, os computadores podem ser “treinados” e um “algoritmo-mestre”, capaz de descobrir qualquer conhecimento a partir de dados apresentados, pode estar ao alcance da humanidade.
Pedro Domingos permanece um optimista: não antevê um futuro onde as máquinas podem superar o homem e tomar conta do mundo. “As máquinas não são agentes independentes capazes de se voltarem contra nós, da mesma forma que o braço não se volta contra o cérebro que o controla”, disse em entrevista à VISÃO. “O risco na inteligência artificial não é que os computadores se tornem demasiado inteligentes e tomem conta do mundo; é que eles são demasiado estúpidos e já tomaram conta do mundo”, atira.