O veterinário Carlos Morbey estava hoje a almoçar quando o informaram que havia um cão preso dentro de um carro, desde segunda-feira, na Praça do Junqueiro, em Carcavelos. De imediato o funcionário do serviço municipal de Cascais se deslocou ao local e, após examinar as condições em que o animal se encontrava, convenceu o dono a deixá-lo temporariamente à sua guarda. Num hotel para animais da Associação São Francisco de Assis.
À VISÃO, Carlos Morbey explica que “o cão estava num compartimento muito reduzido, preso a uma corrente muito curta, e corria o risco de morrer asfixiado se tentasse saltar para os bancos da frente”. Apesar de ter comida e água, como já havia adiantado à VISÃO Marina Cardoso – que denunciou o caso às autoridades -, “com estas temperaturas poderia sofrer golpes de calor e ter um final trágico”, concluiu o veterinário após avaliar a situação ainda com o animal dentro do automóvel.
Era imperioso tirar o animal do veículo, mas para isso foi necessária a concordância do dono, que se encontra hospedado num hotel próximo e tencionava deixar o cão no carro durante toda a semana – por não ter consigo a documentação do animal, segundo justificou em conversa com o veterinário. Com a ajuda da polícia, o diálogo decorreu na rua mas sem a presença próxima dos muitos populares que se aglomeraram no local e não se cansaram de protestar com o dono do cão.
“São situações melindrosas e muitas vezes as pessoas agem sem ter noção dos riscos. O senhor não fazia a mínima ideia de que o animal estava em perigo e foi preciso explicar-lhe porquê. Não foi fácil de convencer, mas falando com calma as pessoas compreendem”, conta o veterinário. A meio da tarde, o dono aceitou libertar o cão e entregá-lo aos cuidados de um hotel para animais, por sugestão de Carlos Morbey.
“Só se houvesse perigo iminente é que se poderia intervir contra a vontade do dono, mas é muito difícil retirar os animais dos seus proprietários, porque ainda são coisas à luz da lei portuguesa”, explica o funcionário municipal, habituado a fazer a água chegar ao seu moinho por via do diálogo. Ficou combinado que o cão ficará à sua responsabilidade até sexta-feira, dia em que o dono do animal deixará o hotel onde está hospedado.
Para Marina Cardoso, a lojista que desencadeou a intervenção das autoridades – e que tem uma cadela há três anos -, este desfecho representou um alívio: “Já estou melhor assim. Através da montra da loja via o carro e o cão e aquilo estava a dar cabo de mim”.