São os “quatro cavaleiros do apocalipse” do casamento. Os norte-americanos John Gottman e Robert Levenson, das universidades de Washington e da Califórnia identificaram quatro atitudes que indicam que algo não está bem numa relação conjugal: de obstrução, de desdém, de crítica e defensiva.
Quando avaliaram com que frequência estes comportamentos eram registados em apenas 15 minutos de conversa entre um casal, os psicólogos perceram que podiam prever com notável precisão quais os que acabariam por se divorciar. A taxa de acerto chegou aos 93% quando a esta avaliação juntaram perguntas sobre a satisfação na relação.
O estudo foi realizado ao longo de 14 anos e envolveu 79 casais norte-americanos, dos quais 21 se separaram no decurso da investigação, permitindo justificar a ideia de que o divórcio está associado a comportamentos negativos específicos.
Desdém
Uma mistura de raiva e desgosto, o desdém ou o menoprezo é muito mais tóxico que a simples frustação, alertam os psicólogos. Implica ver o parceiro como inferior e não como igual, como seria desejável. Em declarações ao Business Insider, Gottman classificou esta atitude como “o beijo da morte” numa relação.
Se se sente constantemente mais esperto/a que o outro, melhor, ou mais sensível, é menos provável que veja as suas opiniões como válidas ou que tente pôr-se no seu lugar para ver determinada situação na sua perspetiva.
Um exemplo: pede a sua cara-metade que traga determinado artigo do supermercado, mas o que lhe chega às mãos é diferente do pedido. Ouve a sua explicação (até pode não se ter explicado bem) ou pensa para consigo “mas que idiota é que não sabe distinguir A de B?”
Crítica
A crítica implica transformar um comportamento (trazer o produto errado) numa afirmação sobre o seu caráter (é um idiota)
O exemplo: Ele ou ela tem o hábito de não passar a taça dos cereais por água e lá ficam os restos agarrados. É capaz de lhe sugerir que a passe por água e coloque na máquina ou acaba por pensar: “Mas porque é que eu estou com uma pessoa que deixa as taças dos cereais assim?”
Pode parecer insignificante, mas, com o passar do tempo, estas opiniões negativas acumulam-se, alimentando sentimentos negros de ressentimento e desprezo.
Atitute defensiva
Se der por si a fazer frequentemente o papel de vítima… pode ser culpado/a de estar à defesa.
Vamos ao exemplo: estão atrasados para um jantar. Chega ao local e atira logo que não tem culpa ou admite que provavelmente aquele banho prolongado ou aquelas tarefas de última hora não terão sido boa ideia?
Assumir a própria responsabilidade pode não ser agradável, mas, alerta Gottman, evita muitas vez que uma má situação fique… pior.
Obstrução
Quando sente que estão prestes a discutir, pega no telemóvel, afasta-se ou simplesmente ignora o outro?
Impedir o diálogo pode ser tão tóxico para uma relação como o desdém, alertam os psicólogos. Ainda que uma discussão nunca seja agradável, é frequentemente o ponto de partida para resolver as coisas.
Os profissionais, alertam, contudo, que rever-se num ou em todos estes comportamentos ocasionalmente não é razão para fazer soar os alarmes do divórcio. O que poderá ser motivo de preocupação é verificar que estas atitudes acontecem com tal frequência que substituem as interações positivas.
Este artigo ocupa o 5º lugar do Top 15: Os mais vistos do site da VISÃO em 2016