Sim, sou negra
Dizem-na branca, demasiado branca, e apontam-lhe a dedo os cabelos quase sempre aloirados e esticados, mas ela não desarma.
Sempre que lhe dão essa oportunidade e ainda dão com frequência, nas entrevistas, lembra que é filha de um afro-americano e de uma crioula, com muito orgulho, mas que teve a sorte de não precisar de quebrar barreiras, como aconteceu com o pai. “Sou universal, já ninguém liga à minha raça, olham para mim como uma artista.” Há um ano, pôs na sua página da internet um minidocumentário, com os cantores que interpretaram consigo o gospel Take My Hand, Precious Lord, na entrega dos Grammy, a falarem sobre o que é isso de ser negro na sociedade americana.
Na Super Bowl
Chegada a “Era Obama”, já a tínhamos visto cantar America, The Beautiful, em 2008, e o hino, em 2013.
No domingo, 7, no intervalo da final da liga de futebol americano, que dividiu com Bruno Mars e os Coldplay,Beyoncé atirou-se de cabeça para o palco político. Que outra coisa é a letra do novo single, Formation, senão um manifesto pelo movimento Black Lives Matter (“as vidas dos negros importam”)? Não apareceram as bailarinas vestidas como membros dos Black Panthers? E não formaram elas um X no relvado, numa referência a Malcom X? Para quem ficou na dúvida, nos bastidores fotografaram-se com um papel onde se lia “Justiça para Mario Woods”, um negro morto pela polícia, em dezembro.
E Beyoncé justificou a atuação: “Quis que as pessoas sentissem orgulho.”
O vídeo, o marido e a filha
O videoclip de Formation, lançado na véspera da Super Bowl pela Tidal (o serviço de streaming de música do marido Jay-Z), começa com ela em cima de um carro da polícia, numa cidade inundada, e uma voz off: “O que aconteceu em Nova Orleães?” Em 2005, a ajuda demorou tanto a chegar depois da passagem do Katrina que o Presidente George W. Bush foi acusado de não querer saber dos negros.
Mas, tantos anos depois, a questão é mais grave. Por isso vemos uma criança a dançar à frente de polícias e a câmara a cortar para o graffiti “Stop shooting us” (parem de disparar contra nós). Que futuro estará reservado às meninas-anjo do vídeo, entre elas a sua filha, Blue Ivy, de 4 anos?
Críticas fora da Índia
Os comentários à participação de Beyoncé no vídeo da música Hymn for the Weekend, lançado pelos Coldplay no final de janeiro, surgiram à velocidade dos tweets. Uma “apropriação cultural de mau gosto” e um monte de estereó-tipos, leu-se nas redes sociais, e essa foi a crítica mais suave.
Ciao, equipa!
Foi já este mês que Beyoncé demitiu toda a sua equipa, colocando-se nas mãos de Steve Pamon, ex-diretor de marketing do banco JP Morgan Chase.
Objetivo: alavancar ainda mais a sua carreira. Não é a primeira vez que a cantora toma uma decisão drástica do género: em 2011, despediu o próprio pai, responsável pelos seus negócios desde os tempos das Destiny’s Child.
Beyoncé Knowles
Em 2003, cantava no grupo Destiny’s Child quando lançou Dangerously in Love.
No ano seguinte, ganhou os seus primeiros cinco Grammy (já vai nos 17).
Entretanto, entrou em sete filmes e casou com o rapper Jay-Z, de quem tem uma filha