Se nos anos 80 as raparigas desejavam ter as sobrancelhas despenteadas e com um ar selvagem iguais às das atrizes Brooke Shields e Malu Mader, nos tempos atuais quem mais ordena é Cara Delevingne, modelo britânica de 23 anos, que, com os seus longos cabelos louros e as sobrancelhas escuras e densas, serve de exemplo para a maioria das mulheres que cuida das sobrancelhas. E são cada vez mais. A vontade de as ter mais espessas, bem desenhadas e com aspeto saudável faz com que as portuguesas tenham aderido ao styling de sobrancelhas. Só nas 17 lojas portuguesas da Benefit, marca americana criada há quarenta anos em São Francisco, de 2014 para 2015 houve mais 55% de clientes. Na portuguesa Wink, o aumento também foi exponencial. Há sete anos começaram com 42 mil atendimentos e, em 2015, já ultrapassaram os 500 mil. “A sobrancelha mais robusta e com mais pelo dá mais expressividade ao olhar, quando é fina perde-se a fisionomia”, explica Sandra Santos, especialista da Benefit, reconhecida em todo o mundo por desenhar a sobrancelha certa para cada pessoa através de uma técnica que tem em conta as medidas do rosto. O problema é que, depois de anos a arrancar os pelos em excesso, muitas mulheres ficaram com as sobrancelhas demasiado finas, ou com falhas, sendo muito difícil senão impossível que voltem a crescer naturalmente. Com os constantes avanços da cosmética, têm surgido no mercado novas soluções, como os implantes e a dermopigmentação, para deixar as sobrancelhas como as da princesa Kate Middleton ou de Juliana Paes, atriz brasileira, duas outras referências no que toca à expressão do olhar. Existem dois tipos de implante: o capilar, que apenas pode ser feito por médicos, que retiram cabelos da nuca para implantarem na sobrancelha (os preços variam entre os 1500 e os 3000 euros), e o temporário de fios, feito em diversos salões de beleza (cerca de 30 euros). A dermopigmentação é uma espécie de tatuagem, que dura em média dois anos, feita com uma agulha fina que desenha o arco, pelo a pelo. Na Wink, por exemplo, começa nos 150 euros. Em maio, começará a fazer-se microblend, uma técnica semelhante à dermopigmentação mas menos invasiva, com uma lâmina que trabalha mais à superfície e um pigmento natural. Filipa Muñoz de Oliveira abriu a Wink em 2007, com um quiosque no shopping das Amoreiras, em Lisboa. Atualmente, tem 32 lojas em Portugal, duas no Brasil e, em breve, entrará no mercado espanhol. Foi em Londres, onde morou cinco anos, que começou a arranjar as sobrancelhas com a técnica do fio. Quando regressou a Lisboa “piscou o olho” (wink, em inglês) ao negócio e teve muita dificuldade em encontrar quem soubesse a técnica. “Percorri o Martim Moniz todo até encontrar a Rupal, uma indiana que o fazia desde os dez anos”, conta. O segredo está no fio, 100% de algodão, com uma determinada grossura. “O algodão é tão suave que quando entrelaçado envolve o pelo sem o partir. É uma técnica milenar utilizada no Médio Oriente, ainda hoje usada pelas indianas. Agora tenta adaptar-se aos desejos das ocidentais, que anseiam por mais densidade e volume. Seja com linha, pinça ou cera, retirar os pelos em excesso é fácil. Mas conseguir ter sobrancelhas mais preenchidas, como quando éramos adolescentes, é todo um outro desafio.
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Sobrancelhas: As novas técnicas para compor a “moldura”

As sobrancelhas grossas estão na moda, mas não é fácil consegui-las. Os implantes capilares e o microblend (com pigmentos) são a grande novidade, para redefinir a expressão