Todos já passámos por momentos embaraçosos que nos fizeram corar e com vontade de nos enfiarmos num buraco. Ficar corado é a manifestação mais genuína de vergonha – o que nunca percebemos é a razão pela qual o nosso próprio corpo insiste em tornar visível um sentimento que tão desesperadamente tentamos esconder.
Ray Crozier, psicólogo na Universidade de Cardiff, na Grã-Bretanha, entrevistou várias pessoas e pediu-lhes que falassem sobre situações em que se tinham sentido envergonhadas. A maioria associava-se ao medo de que um segredo fosse revelado (mesmo que este fosse positivo, como noivado) e não tanto por incidentes.
Mas apesar de embaraçosa, a exteriorização da vergonha pode ser algo positivo: Corar é sinal de honestidade, altruísmo, e há quem diga até que tem sex appeal…
Num estudo da Universidade da Califórnia em Berkeley, voluntários foram filmados enquanto contavam situações constrangedoras. Os que coraram mais facilmente, mostraram opiniões e comportamentos mais solidários e honestos numa investigação subsequente.
Matthew Fainberg, psicólogo na Universidade de Toronto, Canadá, diz que quem está à procura de uma relação duradoura poderá achar uma pessoa que cora facilmente mais atraente, no entanto, uma pessoa que procura uma relação casual preferirá alguém que aparente mais confiança – “Quem está à procura de um parceiro a longo prazo reconhece no ato uma demonstração de que se trata de alguém sociável e cooperativo e não uma pessoa que vai saltar a cerca (…) Algumas pessoas acham o constrangimento atraente de certa forma.”
“Nós não queremos ter essas sensações e tentamos tudo para suprimi-las. Mas apesar de o embaraço ser algo pouco prazeroso, ele tem o seu propósito,” diz Feinberg.