Se o ano começou com a notícia de que um grupo de investigadores tinha chegado à conclusão de que a maioria dos casos de cancro se resume a “pouca sorte”, encaminha-se para terminar com um novo estudo que indica que as influências externas têm um papel muito mais determinante do que o “azar”. A primeira consequência: muitos cancros podem ser bem mais evitáveis do que se julgava.
O estudo de janeiro sugeria que 65% dos casos de cancro são inevitáveis e devem-se a erros aleatórios no processo de divisão celular. A investigação agora publicada na Nature pela Universidade de Stony Brook de Nova Iorque conclui, pelo contrário, que a incidência da doença é demasiado elevada para ser explicada por simples mutações na divisão das células.
Os cientistas analisaram estudos anteriores que mostram como emigrantes que se deslocam que países com baixa incidência de cancro para países com uma mais elevada, acabam por desenvolver a doença à taxa do país de acolhimento, sugerindo que os riscos são mais ambientais do que biológicos ou genéticos.
Atualmente, 75% do risco de cancro colorretal é atribuído à alimentação, 86% do risco de cancro de pele cabe à exposição solar, enquanto o tabaco e o álcool respondem por 75% das hipóteses de sofrer de cancro da cabeça e pescoço.