Deveria haver nas escolas uma disciplina sobre cidadania digital. Quem o diz é o diretor de segurança informática do Conselho Superior de Magistratura. “Esta geração apanhou o início da internet sem saber muito bem no que se estava a meter, sem saber que a informação que estão a dar vai ser tratada, analisada, categorizada.”
Sérgio Silva dá um exemplo: “Vou a um banco pedir um empréstimo para comprar uma casa e é-me aplicado um código fonte [escreve num papel]:
Function peso ( ) { IF PESO > 110 THEN { NO } }.”
“Quer isto dizer: Não fazemos empréstimos a pessoas com mais de 110 quilos. Qual é o problema? É que eu não sei, nem o funcionário do balcão sabe, porque é que o software recusa o meu empréstimo.” Não sabe porque as empresas não se sentem obrigadas a revelá-lo. “Eu podia, se tivesse acesso aos dados, resolver fazer uma dieta. Ou podia desmentir, dizendo que agora tenho menos de 100 quilos. Mas assim estou completamente às escuras. E isto, em Portugal, pelo menos, não está a ser minimamente fiscalizado, ou regulado…”
O assunto, considera, deveria ser uma prioridade dos reguladores do Estado. “Vivemos numa matrix, em que temos duas realidades – a real e a digital. E o problema é que a segunda é paralela e desconhecida da maior parte das pessoas, mas é talvez a mais importante, pois define decisões que afetam a nossa vida sem que disso tenhamos consciência.”
DEFENDA-SE
Alguns conselhos para escapar ao roubo de dados, recorrendo também a empresas que fazem da privacidade o seu negócio:
* O Navegador Tor mistura os IP de vários utentes de forma a que a sua localização seja mascarada e apareça noutro endereço (por exemplo, na Austrália)
* O modelo de negócio do motor de pesquisa DuckDuckGo baseia-se em NÃO seguir os seus hábitos
* O sistema de comunicação Wickr oferece mensagens encriptadas
* A rede social Ello é a que mais protege a privacidade dos seus utilizadores
* Retire a bateria do seu telemóvel, se não quiser que terceiros possam aceder aos seus dados e à sua localização ou “escutá-lo”
* Não armazene dados sensíveis em nuvens partilhadas
* Evite responder a inquéritos online e usar as redes sociais como provedores de identidade na entrada de outros sites
* Não partilhe imagens e dados pessoais nas redes sociais
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