Valery Spiridonov tem 30 anos e quer ser a primeira pessoa do mundo a ter a cabeça transplantada para outro corpo.
Em entrevista ao Russia Today, Valery Spiridonov explicou que sofre de atrofia muscular espinhal, uma doença muscular rara e incurável. “Interesso-me muito por tecnologia e qualquer coisa progressiva que possa mudar a vida das pessoas para melhor”, afirmou. “Fazer isto não é só uma oportunidade excelente para mim, como também vai criar uma base científica para as gerações futuras, independentemente do resultado da cirurgia”.
A intenção de fazer o primeiro transplante de cabeça foi anunciada pelo renomado cirurgião italiano Sergio Canavero, numa conferência TedX, em dezembro passado. Na altura, recebeu várias críticas dos pares, com muitos a falarem em “pura fantasia”.
A cirurgia levará cerca de 36 horas e necessitará de uma equipa de 150 médicos e enfermeiros.
Resumindo a complexa operação, trata-se de colocar a cabeça de Spiridonov no corpo de um dador em morte cerebral, mas saudável. Para isso, o cérebro do voluntário terá de ser arrefecido até uma temperatura entre os 10 a 15 graus celsius para prolongar o tempo que as células cerebrais podem sobreviver sem oxigénio. A medula espinhal será separada com um bisturi especial, particularmente afiado, para depois ser religada com “uma cola especial”.
Terminada a cirurgia, Spiridonov será colocado em coma durante três a quatro semanas, para impedir qualquer movimento, ao mesmo tempo que lhe serão administrados imunosupressores para evitar a rejeição.
Mas a existência de um voluntário para o procedimento não diminuiu as dúvidas de muitos especialistas, que apontam o dedo ao excesso de riscos. Mesmo que a cirurgia seja um sucesso, no período pós-operatório o paciente não vai poder mexer-se nem comunicar de qualquer forma mesmo que tenha dores. “Não desejaria isto a ninguém… Não permitiria que me fizessem isto uma vez que há muitas coisas piores que a morte”, afirmou Hunt Batjer, presidente eleito da Associação Americana de Neurocirurgiões, à CNN.
Sergio Canavero espera levar a cabo a operação em 2017.