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“O nosso inquérito revela muito desperdício alimentar: mais de metade dos inquiridos confessa deitar para o lixo alimentos fora de prazo”, refere um artigo publicado na edição de abril da revista Proteste, com base em inquéritos a 1.725 consumidores que configuram uma amostra representativa da população portuguesa.
A Deco sublinha que deitar para o lixo produtos fora do prazo é o que deve ser feito no caso dos perecíveis (onde se lê na embalagem “consumir até”), mas nos produtos que indicam “consumir preferencialmente antes de” não há problema em consumi-los findo o prazo de validade, desde que em boas condições de conservação.
Carne, peixe, enchidos, ovos, leite do dia, bolos com creme, queijo fresco ou iogurtes são alguns dos exemplos de alimentos perecíveis em que se deve respeitar o prazo de validade indicado.
A Deco nota que cerca de dois terços dos inquiridos não sabem qual a distinção entre as designações “consumir até” e “consumir preferencialmente antes de”.
Uma técnica da Deco explicou à agência Lusa que há legislação que define e diferencia as duas formas de rotular os prazos de validade. O “consumir até” é a forma de impor uma data limite de consumo e aplica-se a produtos perecíveis, enquanto o “consumir preferencialmente antes de” significa a data de durabilidade mínima do produto.
Segundo a Deco, o desconhecimento destas diferenças “explica que 40% dos inquiridos deitem fora produtos cujo prazo preferencial de consumo foi ultrapassado. Tal poderá constituir um desperdício desnecessário”.
A massa ou o café, por exemplo, podem apresentar, depois daquele prazo, um sabor ou textura um pouco alterados mas sem riscos de intoxicação alimentar.
No caso destes alimentos com a indicação “consumir preferencialmente até” não haverá problemas em consumi-los depois do prazo indicado desde que a embalagem esteja ainda fechada e o alimento bem guardado, segundo o modo de conservação aconselhado.
Ainda em relação a desperdícios, os dados do estudo mostram que 14% dos inquiridos deitam comida fora porque cozinhou em excesso.
“A maioria dos pratos cozinhados e das sopas pode ser congelada durante três meses”, aconselha a Deco.
Numa análise aos hábitos de compras alimentares, o estudo concluiu que sete em cada 10 inquiridos optam pelo hipermercado, sendo o preço o fator que mais contribui para esta escolha, seguindo-se a proximidade e a variedade.
Dois terços dos inquiridos afirmaram ainda usar com frequência cupões de descontos e um quinto opta frequentemente por produtos em promoção, de venda rápida (perto do fim do prazo).
Relativamente a compras alimentares, apenas quatro por cento dos inquiridos tem hábito de as fazer online.
“Esta opção pode ser interessante: além de poupar tempo em deslocações e filas de espera, correrá menos risco de se deixar tentar por produtos e novidades em destaque de que não precisa”, recomenda a Deco.
Logo a seguir à opção do preço, os consumidores procuram alimentos saudáveis e saborosos, com a preocupação ambiental a surgir apenas como quinto motivo mais apontado.
A falta de conhecimento ou desconfiança sobre o significado dos rótulos que alegam “orgânico” ou “biológico” será uma das razões, a par com a falta de produtos que anunciem aquelas caraterísticas.
Os inquéritos que serviram de base a este estudo foram realizados entre setembro e novembro do ano passado numa amostra de 1.725 consumidores dos 25 aos 74 anos.