Quando na manhã de terça-feira, 3, chegou a notícia de que Paulo Pereira Cristóvão, 45 anos, tinha sido detido pela PJ, quem o conhece logo pensou que as suspeitas só podiam relacionar-se com algo de muito grave que estivesse a liderar. Pouco depois, os sites noticiosos já o apontavam como suposto “mentor” de um violento gangue de assaltos a residências, que entrava pela porta exibindo aos moradores falsos mandados de buscas domiciliárias. ?A qualificação de “mentor” batia certa, pelo menos, com o homem vaidoso e de ego assumido que o ex-inspetor da PJ e antigo vice-presidente do Sporting sempre mostrou ser.
Mas fontes conhecedoras esclarecem à VISÃO que Pereira Cristóvão estava longe de ser o tal “mentor” ou líder. As suspeitas que sobre ele recaem são as de sinalizar casas em Lisboa, bons alvos para o gangue assaltar. Um mero informador, portanto, que terá recebido em troca as comissões devidas. O grupo atuava nos distritos de Lisboa e de Setúbal, e se as vítimas resistiam a dizer onde se encontravam dinheiro, joias e outros objetos de valor nas residências, os seus membros não tinham pruridos no uso da violência. A PJ estima que os roubos renderam centenas de milhares de euros.
Explicam as mesmas fontes que após a sua demissão de vice-presidente do clube de Alvalade, em junho de 2012, Pereira Cristóvão entrou progressivamente numa grave crise financeira pessoal. Deixou de receber as remunerações do Sporting e, depois, a sua empresa de segurança faliu. Longe iam os tempos em que, após sair da PJ, em 2009, conquistou notoriedade mediática: escreveu quatro livros e tornou-se comentador de TV. Na vida privada, comprou um Mercedes desportivo e abriu a sua firma.
Nesse balanço, chegaria, em março de 2011, a vice-presidente do Sporting. Pouco mais de um ano depois, era obrigado a demitir-se, acusado de denúncia caluniosa qualificada.
No processo que levou à sua detenção na terça-feira, o elo de suposta ligação de Pereira Cristóvão ao gangue passa por Musta, líder da Juve Leo, a principal claque do clube de Alvalade.