Segundo informou hoje uma equipa de investigação da universidade de Granada, a hipoxia é um dos perigos mais graves que o pessoal de voo pode enfrentar e um episódio agudo faz com que haja uma diminuição brusca de oxigénio nos tecidos corporais.
Os principais problemas causados pela hipoxia são dificuldades respiratórias, alterações mentais (delírios ou euforia), pulsação acelerada, desmaios ou disfunções visuais.
Para fazer frente a esta situação, organizações internacionais como a Agência Europeia de Segurança Aérea e a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos recomendam levar a cabo treinos obrigatórios em situações de hipoxia para todas as tripulações, civis ou militares.
Através de um programa de treino deste tipo, investigadores de Espanha e dos Estados Unidos confirmaram que a hipoxia altera o movimento ocular.
“Observámos variações dos parâmetros de atividade ocular entre os participantes submetidos a condições de hipoxia hipobárica – de baixa pressão – e os que não” [foram submetidos a essas condições], explicou Raúl Cabestrero, um dos investigadores e autores do estudo.
O trabalho foi executado no Centro de Treino de Medicina Aeroespacial de Madrid, com um grupo experimental de seis pilotos e engenheiros de voo das Forças Armadas espanholas, com uma média de 37 anos, e com um grupo de controlo em que participou pessoal voluntário do centro com uma média de 35 anos.
Utilizou-se também o Laboratório de Altitude do centro, que tem uma câmara hipobárica, onde se avaliou a resposta ocular em condições de repouso e após a exposição a hipoxia hipobárica, no caso do grupo experimental.
Os pilotos foram submetidos a duas sessões de um teste de seguimento ocular antes e depois de expostos às condições, enquanto o grupo de controlo realizou as duas sessões do teste sem ser exposto ao programa de exposição a hipoxia hipobárica. Os resultados foram distintos em cada caso.
“Estes exercícios servem para evidenciar que debaixo de condições de hipoxia, a nossa capacidade cognitiva é limitada a extremos que não somos capazes de prever”, disse Pilar Quirós, investigadora do projeto.
Na opinião dos autores, o procedimento podia converter-se numa ferramenta útil para que os departamentos de medicina aeronáutica melhorem os seus programas de treino e desenvolvam novas tecnologias que aumentem a segurança em voo.