Cientistas britânicos e dinamarqueses recorreram a registos médicos e material genético arquivados na Dinamarca para analisar amostras de líquido amniótico realizadas em 128 gravidezes que resultaram no nascimento de crianças a quem mais tarde foi diagnosticado autismo. Em comparação com o grupo de controlo, o líquido amniótico (recolhido em amniocintese) dos rapazes autistas revelou níveis mais elevados de testosterona e também da hormona do stress, o cortisol.
“No útero, os meninos produzem cerca do dobro da testosterona do que as meninas, mas, comparados com meninos típicos, o grupo de autistas tem níveis ainda superiores. É uma diferença significativa e pode ter um grande efeito no desenvolvimento do cérebro”, acredita Simon Baron-Cohen, diretor do Centro de Investigação do Autismo da Universidade de Cambridge.
A investigação poderá agora ajudar os cientistas a explicar porque é que os rapazes são quatro vezes mais suscetíveis de serem diagnosticados com a doença do que as raparigas.
Testes anteriores em animais mostaram que a testosterona desempenha um papel crucial na formação do cérebro masculino in utero.
Os autores deste estudo sublinham, no entanto, que alguns dos meninos expostos a níveis altos de testosterona durante a gravidez tiverem um desenvolvimento perfeitamente normal, enquanto outros, com exposição normal, vieram a ser diagnostidados com autismo.