Quer ser o maior festival de música do mundo mas a reboque traz todo um outro mundo de coisas para experimentar. Vens ver ou vens viver ? – é a pergunta implícita à frente de todas as as filas para recolher brindes, andar na roda gigante ou atravessar o recinto de slide
Há uma fila ordeira de gente a subir a ladeira, para chegar à colina onde hoje se tem a mais bela vista da cidade – já devem ter votado, certamente… – bem antes da hora marcada -, seguida com a maior atenção por um bando de caras curiosas nas janelas e a música a anunciar: Rock in Rio…! Passam-se as portas e vai-se à descoberta, no meio da romaria. “Tens de fazer tudo o que houver para fazer”, ouve-se na multidão. É este o espírito. “Onde é que se vai buscar os puffs?”.
Os colecionadores de brindes e recordações fazem fila em todas as portas que encontram pelo caminho, e há slogans que podiam ser comuns a todos: “Música para todos é uma boa causa.” Mas há mais, muitos mais convites, logo a seguir: “publica uma foto com #visitBrasil e ganha um brinde”. Já há gente a descer pelo slide, em frente ao Palco Mundo, e outros a aquecer as pernas, numa zumba improvisada, a avisar: “isto não é para bundas moles”.
Tudo a querer dar razão ao pai Medina e ao seu elogio a este público: “os festivais americanos estão atrás dos portugueses.” Para o provar, a surpresa anunciada para comemorar os dez anos: um espetáculo piromusical , dois minutos sincronizados com uma música chamada unstopabble. A filha Medina também já avisou que “o Rock in Rio não vai mais sair de Portugal.” E às más-línguas, a organização responde com a informação: trata-se do único evento em Portugal com certificado de sustentabilidade.
E ninguém quem resiste a atravessar o bairro londrino de Camden Town sem sair da Bela Vista, para depois passar na Rock Street, onde tocam os “melting pot”, nome mais certeiro para a mistura que se avista, mais novos ou mais velhos. Há um grande sapo verde a pedir “tira uma selfie comigo” e penas em cabelos, de quem arriscou o look festivaleiro do cabeleireiro de serviço. Outros cartazes desafiam: “Casa comigo”, “Dá-me a tua camisola”, ou “Ombros VIP”.
Confirma-se, mais uma vez, que não há fila como a da roda gigante, que toda a gente quer ver a cidade lá de cima. E agora é descer o relvado, que não tarda nada estão a começar os concertos: lá vem de novo a Ivete, depois do Robbie Williams. Let’me entertain you!