Clique para ver os mapas
– Horóscopo da nação
– O Governo de Passos Coelho
– O projeto Portugal
O pensador liberal John Kenneth Galbraith costumava dizer, a brincar, que “a única função das previsões económicas é tornar a astrologia respeitável”.
O contrário também é possível, como se vai perceber. Aluno de Cavaco Silva, Vítor Gaspar e Marcelo Rebelo de Sousa e um dos melhores finalistas do seu curso, na Universidade Nova de Lisboa, João Medeiros, de 37 anos, é economista. Ou melhor, astrólogo profissional.
Após uma conversa com a namorada, decidiu tirar a limpo a validade da lógica milenar dos astros e, para choque da família e dos colegas, rendeu-se às “correlações significativas ” e especializou-se nesta matéria, enquanto ainda trabalhava no Instituto Nacional de Estatística. “Os ciclos astrológicos tornaram-se mais claros indicadores das crises económicas do que as matrizes estatísticas de econometria”, justifica.
O fundador do Centro de Estudos e Inovação em Astrologia (CEIA) é autor de uma tese, publicada em livro, sobre os ciclos astrológicos de Portugal. Em 2003, João antecipava o aumento do desemprego e a racionalização da administração pública como parte de um doloroso processo de reestruturação, com a duração de duas a três décadas. E chegou a enviar um exemplar ao seu professor Marcelo: “Gostaria que esta análise fosse tida em conta pelos nossos dirigentes.”
Espelho nosso
O mapa astrológico português ganhou forma na primeira tarde em que Afonso Henriques derrotou a mãe, em São Mamede.
O posicionamento dos planetas (funções psicológicas) nas casas (áreas de experiência) e signos permite a análise do caráter lusitano. “A Nação afigura-se como uma entidade simpática, séria, misteriosa e apreciadora dos prazeres da vida, mas com dificuldades de organização e tendência a crises financeiras cíclicas.” Apetece perguntar se antes de ser já o era (um povo que não se governa nem se deixa governar, como terá dito um general romano, no século III a.C.).
Os trânsitos astrais e os ciclos nacionais, calculados matematicamente, fornecem outras pistas. Em “astrologuês”, as influências planetárias sugerem uma mudança de paradigma entre 2011 e 2013, como aconteceu entre 1974 e 1976 (quando se deu a Revolução), mas com mais apertos e intensidade: “Estamos a dobrar o Cabo da Boa Esperança, não por querer, mas porque tem de ser.” Estará o atual Governo à altura? “Os aspetos do mapa indicam uma coligação bicéfala, embora capaz de superar divergências e aguentar-se nos próximos anos.” Mas não há bela sem senão: “Por não ter planetas em fogo, o Executivo carece de visão estratégica e fica-se pelo papel de bom aluno, sem questionar a dívida com os parceiros europeus.” A relação com as finanças e o povo são outras dificuldades herdadas à nascença.
Alívio, só mesmo em 2015.
Cartas na mesa
Na última fase do ciclo de vida da Nação, segue-se “o prestígio do País enquanto plataforma de convergência nas áreas cultural e intelectual (turismo de saúde, festivais de música e outros eventos, durante todo o ano)”. O auge terá início daqui a 12 anos, mas não há garantias de que seja para todos. João lembra que só agora estamos a despertar para a consciência política e, coletivamente, para a “vida sem mesada, que eram as reservas de ouro e os fundos europeus”. Até lá, o desapego é a palavra de ordem: “Temos de aprender a dispensar luxos, a lidar com o esforço, a inovar e cooperar com excelência.” É disto que João Medeiros fala nas suas palestras, usando até o exemplo de Cristiano Ronaldo, mito renascido de Sebastião. “No mapa de ambos, o Sol está em Aquário e a Lua em Leão; aos 24 anos, o rei morreu e o futebolista foi distinguido como o melhor jogador do mundo.” Agostinho da Silva falava desse Quinto Império em que um dia nos diluiremos, mas foi Jorge Palma que melhor captou o despertar sobressaltado, à margem de todas as previsões.
Ai Portugal, Portugal, de que é que estás à espera?