SAIBA TUDO NA REPORTAGEM DA VISÃO QUE ESTÁ NAS BANCAS
– Veja aqui a GALERIA DE FOTOS com a cronologia dos principais momentos da cronologia erótica
– Leia, em baixo, a entrevista com a escritora Maria Luísa Castro, autora de O Mundo Proibido de Daniel V
Entrevista com Maria Luísa Castro
‘As pessoas gostam de histórias de amor com picante’
Na senda do fenómeno As cinquenta sombras de Grey, uma portuguesa lançou, sob pseudónimo, O Mundo Proibido de Daniel V (ed. Matéria-Prima, ¤15,90)
O que a levou a escrever algo deste género?
Foi um desafio da editora e aceitei, pelo gozo de escrever algo que, de outra forma, não seria alvo do meu tempo. Além disso, tendo lido alguns sucessos nesta área, achei que era fácil fazer melhor.
E é melhor porquê?
Porque não é sobre uma jovenzinha virgem que, de repente, assina um contrato de submissão com um playboy. Tem o seu nível de erotismo e de cenas de teor sexual mas também uma contradição entre um homem e uma mulher, ambos adultos e com experiências anteriores. Procurei também levantar questões atuais como as da máfia e da escravatura branca, tal como da sexualidade escondida e dos traumas que podem influenciar comportamentos durante uma vida. Diria que é um livro adulto, enquanto o outro só brinca com situações que não são verosímeis, repetindo-as até à exaustão.
Em que se inspirou?
Li vários clássicos da literatura erótica, nomeadamente A História de O, muito mais hardcore do que qualquer das sequelas e recolhi testemunhos de homens e mulheres. Ao mesmo tempo, explorei aquela lenda urbana que diz que, em Cascais, na década de 60, havia uma casa onde se praticava o chamado sexo “livre”.
Como se explica o sucesso deste tipo de romances eróticos?
O fenómeno não é de hoje e não é português. Os livros boy meets girl são, como sempre, best-sellers. E há ainda a pornografia, um negócio que não está em queda. É fácil concluir que as pessoas gostam de estímulo, da ideia do que não é convencional, de histórias de amor com picante que as fazem descolar da sua realidade. Os livros ditos eróticos podem ajudar a fantasiar. No Portugal moderno e em pleno século XXI, se perguntar na rua, a maioria das pessoas dirá que nunca entrou numa sex shop. Mente. A sexualidade ainda é um tabu.
São estas, de facto, as fantasias sexuais das mulheres?
Das mulheres e dos homens. Porque têm uma certa adrenalina, um gosto pelo jogo da sedução, pelo realizar algo fora do convencional. Os leitores, eles e elas, reveem-se em muitas coisas, do desejo de libertação a práticas que gostariam de realizar e não o fazem.
Ou serão aquilo que os homens esperam que sejam?
Há um mito urbano que diz que os homens estão sempre prontos para a brincadeira. Concluí, das diversas conversas que tive, que as mulheres são mais atrevidas, capazes de ter brinquedos sexuais às escondidas. Há muitos sexólogos que aconselham o visionamento de pornografia para que haja estímulo, para um casal ter uma vida sexual satisfatória. Há muitas mulheres que leem este tipo de livros e a seguir se masturbam. Não vejo mal nisso. A diferença é que o meu livro não traz apenas essa possibilidade.
O que querem mesmo as mulheres?
As mulheres e os homens querem a mesma coisa: satisfação e prazer, sendo que existem fetiches – práticas que implicam mais dor ou submissão ou agressão verbal, ou outras que se limitam a revelar todas as possibilidades de absoluto deleite que um corpo pode proporcionar a outro. Todos queremos o mesmo. Os cientistas dizem que a paixão dura dois anos, seja. Para manter uma relação e não andarmos sempre no desgaste de um novo princípio é preciso inovar – caso contrário, marcamos todas as terças-feiras, às 9 e meia da noite, na posição do missionário. E como o homem já passou dos 45 [anos], em alguns casos a ereção não se mantém e terminamos no sexo oral e estímulo manual.