A equipa da Universidade de Newcastle e do Instituto de Células Estaminais do Nordeste de Inglaterra, chefiada pelo Professor Karim Nayernia, desenvolveu uma nova técnica que permite fabricar esperma humano em laboratório, a partir de células estaminais embrionárias portadoras dos cromossomas XY (masculino).
Este esperma produzido em laboratório não será utilizado para a fecundação do óvulo, o que a lei não autoriza. Estes cientistas esperam, contudo, que a legislação evolua de forma suficientemente rápida para que esta técnica seja, a prazo, validada como tratamento contra a infertilidade masculina.
Uma vez a técnica aperfeiçoada, o Professor Nayernia considera que ela pode dentro de uma dezena de anos, ser proposta, por exemplo, aos jovens que fizeram quimioterapia, tratamento que os torna estéreis.
“É um desenvolvimento importante, porque permitirá aos investigadores estudar em pormenor como se forma o esperma, o que deverá levar a uma melhor compreensão da infertilidade masculina, porque é que acontece e o que a causa”, declarou o professor Nayernia.
“Esta compreensão permitir-nos-á desenvolver novos meios para ajudar os casais que sofrem de esterilidade, por forma a que possam ter um filho que seja geneticamente seu”, acrescentou.
Na técnica desenvolvida em Newcastle, as células estaminais portadoras de cromossomas XY completaram a sua divisão celular (meiose), para dar um esperma funcional.
Em contrapartida, as células portadoras dos cromossomas XX (fêmeas) deram espermatogónias, estado inicial do espermatozóide, mas sem ir mais longe na meiose. Isso prova, segundo os investigadores, que o cromossoma Y continua a ser indispensável à produção de esperma.
Esta descoberta deverá também ajudar a compreender melhor como é que as doenças genéticas se transmitem de geração em geração.
Todavia, vários peritos duvidam que a equipa do professor Nayernia tenha conseguido reconstituir um esperma autêntico.
“Enquanto biologista especialista do esperma com 20 anos de experiência não estou convencido segundo os dados apresentados (…) que as células produzidas pelo grupo do professor Nayernia a partir de células estaminais embrionárias possam correctamente ser chamadas espermatozóides”, declarou Allen Pacey, da Universidade de Sheffield.
“Mesmo que as células produzidas possam produzir alguns dos traços genéticos e marcadores moleculares do esperma, espermatozóides humanos plenamente diferenciados têm uma morfologia celular específica, um comportamento e uma actividade que não foi descrita aqui”, acrescentou.