O aparelho, enviado para o espaço a 6 de Outubro de 1990 a partir do vaivém Discovery, usou como trampolim a força de gravidade de Júpiter e explorou pela primeira vez as regiões sobre os pólos solares.
Agora, com 18 anos, 8 meses e 24 dias é a nave espacial mais antiga nas operações da Agência Espacial Europeia.
Hoje, um ano depois da data programada originalmente para o fim da missão, às 12h20 em Lisboa, os controlos da Ulysses orientarão a sonda até à Terra.
Isto permitirá a maior capacidade de descarga de mensagens até à Estação de rastreio de Madrid, a última que terá contacto com a sonda antes de esta ser desligada.
Entre os numerosos avanços científicos obtidos com a ajuda de Ulisses, a missão mostrou que o campo magnético do Sol se expande até ao sistema planetário de uma forma mais complexa do que se acreditava anteriormente.
As partículas expelidas pelo Sol desde latitudes baixas podem subir a latitudes altas e vice-versa, e inclusive chegam aos planetas.
Isto significa que as regiões do Sol que antes não se consideravam como possíveis fontes de partículas perigosas para os astronautas e os satélites, agora devem ser tidas em conta e há que vigiá-las cuidadosamente.
Logo que o Discovery” levou a sonda para uma órbita baixa da Terra, uma combinação de foguetões enviou Ulisses para Júpiter. A sonda aproximou-se do planeta maior do sistema solar a 08 de Fevereiro de 1992 e a gravidade de Júpiter serviu de trampolim para colocá-la numa órbita elíptica do Sol.
A missão foi um projecto conjunto da agência europeia e da agência espacial norte-americana NASA. O recorde anterior da operação de um engenho espacial na agência europeia era detido pela missão do Explorador Internacional Ultravioleta, que durou 6.822 dias.
A NASA tem nos seus registos missões mais prolongadas, como os Pioneer 10 e 11, com 9.141 e 8.192 dias, respectivamente, e os Voyager 1 e 2, com 11.621 e 11.637 dias, respectivamente, até agora, e que continuam em operação.
Há um ano, a fonte de energia da Ulisses enfraquecera a ponto de os técnicos admitirem que as baixas temperaturas congelariam os tubos de combustível e que o aparelho ficaria fora de controlo.
Isto não ocorreu e os peritos notaram que podiam manter o combustível fluído e em circulação se efectuassem uma breve ignição dos motores de propulsão cada duas horas.
Todavia, à medida que Ulisses se afastou da Terra deterioraram-se as comunicações e a NASA e a agência europeia decidiram que não se justifica o custo de manter o aparelho em operação.
Depois de serem cortadas as comunicações, Ulisses continuará a orbitar o Sol numa grande elipse convertendo-se, de facto, num cometa de fabrico humano.