A investigação foi realizada pela Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM), no âmbito das comemorações do primeiro Dia Mundial daquela doença, que se assinala hoje.
A efeméride é uma “oportunidade” para alertar a população portuguesa para esta doença que se estima atingir 5 000 portugueses, conforme disse à Agência Lusa Manuela Neves, da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM).
Manuela Neves alerta para o grande desconhecimento da população portuguesa sobre a esclerose múltipla – corroborada no estudo que será hoje divulgado – e lembra que ainda existe a ideia de que esta é “uma doença de velhos”.
Contudo, a esclerose múltipla é “uma doença tipicamente dos públicos jovens, entre os 25 e os 35 anos”, disse.
“O que é socialmente mais grave nesta doença é que atinge os adultos jovens, pessoas que ficam doentes muito cedo e, por isso, não têm carreira nem trabalho, tornando-se dependentes muito cedo”, adiantou.
O estudo que será hoje divulgado refere que cerca de seis por cento da população portuguesa já teve um contacto directo ou indirecto com a esclerose múltipla.
A investigação conclui também que a esclerose múltipla é uma doença que “não preocupa especialmente os portugueses”, já que “apenas 1,1 por cento dos inquiridos a elege como a patologia mais preocupante”.
Mais de um quarto dos inquiridos (26,6 por cento) revelou-se incapaz de referenciar as limitações físicas a que estão sujeitos os doentes com esclerose múltipla.
A esmagadora maioria dos portugueses (74,4 por cento) não consegue sequer identificar potenciais consequências da doença para a família dos doentes.
Manuela Neves alerta para as consequências desta doença no meio familiar, tendo em conta a dependência a que esta doença pode conduzir.
“O papel do cuidador tem de ser levado tão em conta como o do doente”, disse.
Para esta dirigente da SPEM, uma das formas de apoiar os doentes passa por “uma outra atenção na atribuição da incapacidade”.
“O que acontece é que, para a atribuição da incapacidade, os doentes têm de apresentar uma incapacidade de 60 por cento, mas quando estes são sujeitos a uma junta médica não estão em crise e aparentam um incapacidade inferior à real”, explicou.
Manuela Neves defende ainda um melhor acesso dos doentes com esclerose múltipla às novas terapias.
Nesta área, avançou, registaram-se avanços “muito importantes nos últimos dez anos”. “Existem medicamentos que permitem melhorar o estado de saúde dos doentes. Precisamos, contudo, que estes possam ter acesso a eles”, pormenorizou.
A esclerose múltipla é uma doença crónica e com sintomas variados como a perda do controle motor a vários níveis, alterações emocionais e de relação, fadiga e alterações na fluidez do discurso.
Na origem da doença está um “ataque” do sistema imunitário contra o próprio organismo, em particular contra a mielina (a membrana protectora das células nervosas responsáveis pela neuro-transmissão da informação cérebro-músculos).
Em Portugal, a esclerose múltipla afecta 5.000 portugueses, mais mulheres do que homens.