Marcelo Rebelo de Sousa visitou hoje enquanto candidato presidencial o quartel dos Bombeiros Voluntários do Dafundo, no concelho de Oeiras, distrito de Lisboa, onde ouviu relatos sobre as dificuldades causadas pelos atuais tempos de espera à porta dos serviços de urgência hospitalares para a entrega de doentes.
Contudo, foi na qualidade de chefe de Estado que acabou por comunicar informações sobre a vacinação dos bombeiros, referindo que procurou inteirar-se do assunto com o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, depois de ter falado com o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares.
Marcelo Rebelo de Sousa disse ter ficado a saber que os bombeiros vão ser vacinados “em conjunto com as Forças Armadas e com as forças de segurança, nos chamados serviços essenciais”, mas que o Governo quer “acelerar o processo de vacinação” e para isso já solicitou à Liga dos Bombeiros que indique quais são “os prioritários”.
“Há uma antecipação, neste sentido, há uma aceleração, na medida em que os lares estão a correr, mas há a ideia de fazer avançar. Agora é preciso ser indicado quais aqueles que têm prioridade”, reforçou.
O candidato presidencial assinalou que entre os profissionais de saúde vacinados contra a covid-19 “também houve vacinação do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM)”, o que levou os bombeiros a questionar por que não foram igualmente vacinados.
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que os bombeiros têm um risco “certamente semelhante ao pessoal do INEM que faz o transporte de doentes”, mas que “é diferente do pessoal dos lares, que esse está em contacto permanente com os internados nos lares, aí o risco é maior”.
Segundo o Presidente da República, o ministro da Administração Interna “percebeu o que sentiam os bombeiros, que era verem que certas estruturas estavam a ser vacinados e eles não estavam a ser vacinados, cumprindo missões semelhantes de transporte de doentes, e que era preciso acelerar, obviamente, a vacinação dos bombeiros”.
Questionado se houve uma falha ou um lapso no plano de vacinação no que respeita aos bombeiros, respondeu que “nesta matéria de definição de critérios tem havido por todos os países e por essa Europa fora a descoberta de situações que de alguma maneira surgiram no percurso e que não tinham sido totalmente antecipadas”.
“Aqui, esta situação surgiu quando se deparou com uma realidade que é haver tarefas ou funções idênticas desempenhadas por estruturas diferentes e, portanto, merecem uma cobertura de risco também idêntica”, acrescentou.
A favor de uma rápida vacinação dos bombeiros, argumentou que “o bombeiro que transporta hoje covid, transporta amanhã não covid, está em contacto com a comunidade, e pode sem querer ser portador de um risco para ele, para a corporação, para a comunidade”.
Interrogado se esta visita foi uma resposta à candidata Ana Gomes, que visitou hoje de manhã duas associações de bombeiros, Marcelo Rebelo de Sousa declarou que prefere “falar pela positiva, sempre”.
“Se há alguém que esteve nos fogos em 2016, em 2017, em 2018, em 2019, junto aos bombeiros, que esteve nos momentos tristes, como foram os das mortes, com todos os bombeiros que morreram, e daqueles em que não morreram, mas no hospital visitando praticamente todos os bombeiros que estiveram em estado grave, fui eu”, apontou.
Marcelo Rebelo de Sousa, que se recandidata ao cargo de Presidente com o apoio de PSD e CDS-PP, sustentou: “Portanto, em muitos casos eu sinto que posso ter falhado ou errado. Mas no puxar pelos bombeiros, aí não se pode dizer que eu não estive sempre na primeira linha. Noutras coisas falhei, mas nessa não falei”.
Em Portugal, morreram 8.861 pessoas dos 549.801 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
As eleições presidenciais, que se realizam em plena epidemia de covid-19 em Portugal, estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.
A campanha eleitoral termina em 22 de janeiro. Concorrem às eleições sete candidatos, Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).
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