Com o partido prestes a complementar oito anos, no dia a seguir às eleições legislativas, há uma ação que nunca faltou nas campanhas do Livre: a pedalada. Rui Tavares elege mesmo este momento como o ponto alto dos dias que antecedem os atos eleitorais: “tirando o dia da reflexão é o melhor dia da campanha”. E, desta vez, o partido da papoila escolheu como cenário a ciclovia mais polémica da capital: a da Avenida Almirante Reis, onde duas faixas de rodagens deram lugar a caminhos para os ciclistas.
Rui Tavares não partilha da revolta dos críticos e das promessas do atual autarca, Carlos Moedas, para alterar o esquema atual. Considera que se trata de uma “guerra artificial e empolada”, clarificando que não é contra os carros, mas acredita que estes podem conviver com as bicicletas. E que esta avenida lisboeta tem muito a ganhar com a redução da poluição. A sua única preocupação é torna-la mais segura, por isso, explicou aos jornalistas, antes de subir para a sua bicicleta em direção ao largo do Martim Moniz, que vai apresentar uma proposta na Assembleia Municipal, onde é vereador sem pelouro, para “repensar” o projeto desta ciclovia. Não com o intuito de a reduzir, mas sim de redesenhar algumas paragens de autocarro ao longo do percurso.
Cerca de 50 apoiantes seguiram-no, também de bicicleta, via a baixo num gesto simbólico, dir-lhes-ia depois Rui Tavares, já na chegada ao Martim Moniz, onde se reuniram num circulo à volta do porta-voz. “A bicicleta é nova, diferente e multiplica as nossas forças. É como nós”, comparou, agradecendo a cada um o trabalho durante a campanha e pedindo um esforço final para garantir que se cumpre o maior desejo de aniversário do partido: “trazer o Livre de volta ao Parlamento, para ficar”, estabeleceu, umas horas depois, já no auditório do liceu Camões, em Lisboa, o lugar escolhido para o comício de encerramento da campanha eleitoral.
Num discurso de cerca de 45 minutos, perante uma planteia com uma centena de pessoas, Rui Tavares elegeu como prioridade combater as desigualdades, promover a justiça social, apostar na ecologia, sempre com a bandeira europeia presente. Temas, que segundo o porta-voz do Livre, até “muitos à esquerda deixaram de defender”. É aqui que quer que o Livre se distinga: “que seja uma esquerda combativa, que ousa pensar no futuro e que não baixa os braços”. E que agarre com seriedade a luta pelo aumento dos salários mínimo e médio; a defesa dos serviços públicos e do ambiente.
Rui Tavares quer “uma geringonça que não se fique pelos gabinetes”, mas que convoque todos “para um debate nacional”. E, a julgar pelas últimas sondagens, que lhe dão entre 1 e 2%, Tavares tem uma hipótese real de ser eleito pelo círculo eleitoral de Lisboa, apesar de, no auditório da escola secundária lisboeta, entre os seus apoiantes se expresse ainda outro objetivo – “ficar à frente do CDS”.