É inegável que, por detrás do batalhão de câmeras e repórteres fotográficos que seguem todos os passos de Luís Montenegro, mal o líder do PSD coloca um pé fora do carro, se respira confiança. Não tanto pelas sondagens, mas “pela forma como o Luís é recebido pelas pessoas”, disse à VISÃO um alto dirigente do partido. No final de uma arruada, esta quinta-feira, em Leiria, o presidente do PSD verbalizaria o clima de confiança que perpassa na sua comitiva: “Sabemos que vamos ganhar as eleições, mas só as vamos ganhar a 10 de março.”
Luís Montenegro iniciou mais um dia de campanha eleitoral no distrito de Leiria, começando com uma visita à fábrica Avelmod. Sempre acompanhado pelos proprietários, o líder do PSD percorreu as instalações, mas não trocou qualquer palavra com as centenas de funcionárias que ora costuravam, ora cortavam ou cosiam tecido, até tal processo resultar no fato final. Ainda houve tempo para o líder do PSD tirar as medidas de um casaco – “com a campanha, já devo estar no 54 – e para alguém atirar que era o “fato de primeiro-ministro”.
Questionado pelos jornalistas, Montenegro disse “ter a certeza” que vai conseguir mudar de fato no final da campanha e, à pergunta se a roupa não servirá também no caso de ser líder da oposição, respondeu negativamente. “Não, este aqui é exclusivo de primeiro-ministro”, assegurou.
Como não havia muito tempo para provas, um dos administradores da empresa assegurou que também faziam entregas, exibindo um papel com uma morada: Palácio de São Bento, Lisboa. A encomenda estava dirigida a “Sua excelência primeiro-ministro de Portugal”.
Embalado com as medidas do fato, Luís Montenegro aventurou-se numa arruada, subindo, durante a tarde, a Avenida Heróis de Angola, em Leiria, acompanhado sempre de perto por Telmo Faria, cabeça de lista pelo distrito que os social-democratas tentam recuperar ao PS, que nas Legislativas de 2022 elegeu mais um deputado. Procurando cumprimentar os lojistas e quem lhe aparecia pelo caminho, mais ou menos espontaneamente. O líder do PSD não é muito caloroso. Cumpre os serviços mínimos. O que tem um explicação. “O facto de os microfones das televisões estarem constantemente ligados, retrai as pessoas”, comentou com a VISÃO um dirigente do PSD, acrescentando que há sempre um risco de um indiscreto um pouco mais polémico.
Quanto ao discurso, o líder do PSD fez um enorme esforço para não se desviar um linha da narrativa, até agora, oficial do PSD: quer ganhar, mas a expressão maioria absoluta não entrou no seu vocabulário. “Mudança segura” foi o máximo que os jornalistas lhe conseguiram arrancar, depois de insistentemente questionado sobre o desafio do presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, em pedir maioria absoluta entre a AD e a IL. “Há duas candidaturas que podem corporizar um governo: o PS e a AD”, disse, classificandos os socialistas como o passado e a coligação PSD/CDS/PPM como o “Portugal Novo”, por oposição ao “Portugal Inteiro” de Pedro Nuno Santos.
“A minha expectativa é que no dia 10 haja alta taxa de participação e que os portugueses possam nas urnas provar aquilo que estamos a ver na rua, uma genuína vontade de mudar e de apoiar uma mudança segura, que quer transformar o país”, declarou.
Até ao jantar comício, em Ourém, ainda houve tempo para uma paragem no Centro de Alto Rendimento, em Rio Maior, onde Luís Montenegro recebeu uma touca do nadador Miguel Nascimento. “Deviam-me ter dado isto ontem, tinha dado mais jeito”, gracejou o líder do PSD, aludindo ao ataque de foi alvo com tinta verde.