Jaime Nogueira Pinto, 74 anos, politólogo, escritor, empresário, conhecido intelectual da direita radical portuguesa, defensor da administração Trump, considera que as eleições americanas ainda não estão decididas: “Há recontagem de votos, há processos a decorrer, há suspeitas de fraudes. O Joe Biden não devia comportar-se como vencedor”, adverte. Para Jaime Nogueira Pinto, Trump reconhecerá a derrota quando ela estiver definitivamente comprovada e, se não o fizer, serão os que o rodeiam a abandoná-lo.
Considerando que a polarização da sociedade americana é natural, e salientando que Trump fez crescer o Partido Republicano, “obtendo mais 10 milhões de votos”, em comparação com 2016, e “penetrando nas comunidades afro-americanas e hispânicas, antecipa que “a grande coligação anti-Trump, que Joe Biden foi gerindo, se vai desfazer, e o Partido Democrático dividir-se, quando Trump desaparecer”.
Sobre os ataques da administração Trump à União Europeia, lembra que mesmo nos países europeus “nem toda a gente está encantada com a UE”, mas admite que, por causa da pandemia, a União está a dar alguns sinais positivos.
Relativamente ao Chega, desmente que seja o ideólogo do partido de André Ventura, ao qual critica o programa, relativamente ao discurso face às comunidades islâmicas e às questões penais, sobretudo as relacionadas com a pedofilia (castração química). E considera que o Chega devia ter mais filtros para impedir que surgissem moções como a que defendeu a extração dos ováros a mulheres que abortem. Mas admite que costuma dar alguns conselhos a André Ventura, “tal como dei sempre conselhos a outros políticos, de outros quadrantes, talvez por que me seja reconhecido algum conhecimento nas questões políticas. “Mas, se quisesse fazer um partido, tinha-o feito”.
Do líder do Chega diz que tem “muitas qualidades políticas” e que o surgimento deste partido foi muito positivo para reequiibrar a política à direita: “Nas últimas décadas, tivemos sempre, ou governos de esquerda, ou uma direita envergonhada, com medo de ser apelidada de fascista. Nunca se afirmou, mas o Chega acabou com essa situação”. Portanto, acrescenta, “a decisão do PSD de fazer um acordo com o Chega, os Açores, foi muito inteligente e contribui para ‘desdomesticar’ a direita portuguesa”.
Mais, “André Ventura tem a grande qualidade de saber aguentar quando é atacado, o que, por exemplo, não acontece com Donald Trump. Ventura tem uma pele dura”.
Finalmente, o politólogo discorda de Ventura no que diz respeito à avaliação que faz do Papa Francisco – a de que não tem prestado um bom serviço ao Cristianismo. E justifica: “Isto é como na tropa: o Papa é o meu comandante!”. Mas critica os bispos portugueses por se calarem demasiado, perante certas situações, como aquela em que a DGS “pretendeu estabelecer regras sobre como se devia comungar, nas igrejas”.
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