Convidado desta semana do programa de entrevistas online da VISÃO, Irrevogável, Pedro Mendonça, 47 anos, membro da direção do Livre e porta-voz do Grupo de Contacto, admite que, preferencialmente, o seu partido poderá concorrer sozinho, em Lisboa, às autárquicas do póximo ano. “Historicamente, temos boas votações na capital e especiais responsabilidades para com tantas pessoas que confiam em nós”, justifica Pedro Mendonça, que admite, assim, a não renovação do acordo eleitoral com o PS de Fernando Medina, na capital, e que permitiu ao Livre eleger, em 2017, dois deputados municipais. Mas adverte que o Livre “não funciona com diretórios partidários” e que, portanto “a decisão vai pertencer aos membros e apoiantes do partido”.
Sobre o apoio do Livre à candidatura presidencial de Ana Gomes, Pedro Mendonça revela que, já em janeiro, o seu partido trinha definido um perfil e que Ana Gomes encaixa nele: “Dá a garantia de defender os direitos humanos e surge como uma candidatura supra-partidária, o que não acontece com as outras duas candidaturas de esquerda já conhecidas”, afirma.
Sobre Marcelo Rebelo de Sousa, faz um balanço positivo do seu mandato, mas, entre outras críticas concretas, aponta-lhe a parcialidade, “muito duro com o PCP e a Festa do Avante! mas omisso relativamente aos comícios e jantaradas do Chega, sem qualquer respeito pelas regras sanitárias”.
“É difícil ao Governo negociar com um partido, como o BE, que é europeísta às segundas, quartas e sextas e nacionalista nos outros dias”
Revendo o que foi o processo de escolha da deputada Joacine Katar Moreira que, entretanto, depois da rutura com o partido, passou a deputada não inscrita, garante que o Livre não renega o princípio das primárias, para a escolha de candidatos, mas que vai reforçar o processo de debate e esclarecimento, para introduzir um maior escrutínio dos possíveis concorrentes ao lugar de deputado. “O Livre prescindiu de representação parlamentar porque escolheu ser fiel aos seus princípios”, defende.
Sobre as negociações do Governo, à esquerda, no quadro do Plano de Resiliência e Recuperação, para a aplicação de fundos europeus, lamenta as dificuldades que António Costa tem em negociar com um partido “europeísta às segundas, quartas e sextas e nacionalista nos outros dias, como o Bloco de Esquerda, e com um partido assumidamente nacionalista, como o PCP, qe se auto-intitula como patriota de esquerda”. E regista: “O Livre é um partido assumidamente europeísta que está no meio da esquerda”. Mais, ressalva, o Livre não representa “a esquerda identitária”, mas a esquerda humanista, europeísta, defensora dos direitos humanos e do ambiente. A propósito, tece duras críticas e manifesta desconfianças sobre a forma como o plano Costa Silva vê a exploração dos recursos do mar.
Ribatejano de gema, Pedro Mendonça, finalmente, condena as touradas, mas não preconiza a sua extinção “por decreto”: “Acabarão por desaparecer por morte natural.”
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