Era o primeiro discurso de Pedro Nuno Santos como líder num Congresso. Naquele início de janeiro de 2024, o partido lambia ainda as feridas de se ver apeado do governo depois da demissão de António Costa e, com as legislativas já à vista, Pedro Nuno prometia vitórias não nessas, mas nas eleições seguintes: as regionais (que perdeu), as autárquicas (que o PS prepara agora) e as presidenciais que mereceram uma promessa solene: “O PS apoiará um candidato como há muito tempo não o faz, honrando os melhores presidentes que Portugal já teve.” António Costa estava na primeira fila e, mesmo que não fossem segredo as suas ambições europeias, não faltava quem pensasse que podia vir a ser esse candidato. Com Costa como presidente do Conselho Europeu, Mário Centeno declaradamente fora da corrida e António Vitorino hesitante, aquele que parecia então um candidato altamente improvável está a fazer um caminho que arrisca condicionar a escolha de Pedro Nuno Santos.
“Pedro Nuno está refém de ter dito que ia ter um candidato a Belém”, comenta um alto dirigente socialista, que acredita que o perfil definido na reunião da Comissão Política Nacional do último sábado pode ter estreitado ainda mais o caminho, ao incluir uma referência à necessidade de o candidato ter “uma mundividência socialista”. É que se no PCP, no BE e no Livre há quem não enjeite a possibilidade de uma candidatura da esquerda unida em torno de Sampaio da Nóvoa e se no PS são vários os socialistas que já apoiaram o antigo reitor, caso António José Seguro avance, Pedro Nuno não terá como explicar a falta de apoio a um antigo secretário-geral do seu partido. “O problema é Seguro”, resume a mesma fonte.
