Se não podes vencê-los, junta-te a eles. Parece ser essa a estratégia do líder do PS no debate da imigração. Em entrevista ao Expresso, Pedro Nuno Santos abandonou a linha que tem sido seguida até aqui pelo partido – de que a imigração não é um problema, nomeadamente no que diz respeito ao aumento da criminalidade – e defendeu um controlo maior nas fronteiras, e com declarações sobre respeito cultural muito pouco habituais à esquerda.
O secretário-geral do PS começou por deixar cair a manifestação de interesse, a figura legal, em vigor nos últimos governos liderados por António Costa, que permitia aos imigrantes virem a Portugal procurar trabalho. Esse instrumento “não deve ser recuperado tal como existia, mas é preciso encontrar válvulas de escape que permitam a regularização de imigrantes que estão a trabalhar”, começou por dizer. “A manifestação de interesse compreende-se num quadro em que havia uma procura do mercado de trabalho muito intensa, uma necessidade premente de trabalhadores e uma resposta insuficiente por parte da rede consular”, justificou. “Esse instrumento tinha também efeitos negativos, porque, na realidade, não podemos ignorar que tinha um efeito de chamada.” E, admitiu, “não fizemos [PS] tudo bem nos últimos anos no que diz respeito a imigração”.