O contacto entre Hugo Soares e Luís Montenegro é quase permanente. Falam várias vezes por dia, ao telefone e por mensagem, e não é raro o líder parlamentar do PSD sair pelas traseiras do edifício da Assembleia da República diretamente para a residência oficial do primeiro-ministro em São Bento para falarem. Há muitos anos que Soares é o braço direito de Montenegro e a chegada ao poder da AD não mudou isso. Pelo contrário, o também secretário-geral do PSD é hoje uma espécie de braço armado de Montenegro, no combate político parlamentar, mas também na articulação do partido, garantindo uma máquina oleada e uma comunicação sem sobressaltos.
Sem maioria absoluta para governar, controlar a narrativa é ainda mais importante e Hugo Soares tem-se esforçado para assegurar que na bancada do PSD ninguém desafina. Até agora, com grande sucesso. Uma parte desse sucesso deve-se às circunstâncias: nesta legislatura, foi Luís Montenegro quem fez as listas dos deputados e o poder recém-conquistado é uma cola que ajuda a unir os partidos. Mas há mais: há um esforço de coordenação na comunicação que começa na liderança da bancada parlamentar.