Bruno Fialho regressou ao trabalho como uma “estrela”. No voo Lisboa-Ponta Delgada-Boston, a presença do presidente da Alternativa Democrática Nacional (ADN), chefe de cabine de profissão, não passou despercebida. “As pessoas reconheceram-me. Deram-me os parabéns, pediram-me para tirar seflies”, conta. O ADN foi um dos grandes vencedores da noite eleitoral, com 100.051 votos (quando ainda faltam contar as urnas no estrangeiro) – tinham sido apenas 10.001 em 2022.
O resultado eleitoral permite ao partido receber €339.149,16. Bruno Fialho admite que o valor “surpreendeu”. Nestas circunstâncias, o presidente do ADN avisa que “tem meios para responsabilizar todos aqueles que desrespeitem” o partido. “Não vamos admitir que continuem a dizer que o ADN é um partido extremista ou negacionista. O ADN é um partido de valores e de princípios. Abominamos a extrema-direita. Quem continuar a difamar e a insultar o partido terá de ser responsabilizado por isso”, sublinha Bruno Fialho à VISÃO.
O partido acredita também que terá “mais condições” para promover as suas ideias. “É esta a nossa prioridade”, diz Bruno Fialho. “Vamos continuar a partilhar aquilo em que acreditamos. É preciso alertar as pessoas para vários assuntos, como são as fraudes sanitária [da Covid-19], climática e da ideologia de género. Queremos mostrar os nossos planos para o crescimento económico do País e para o combate à pobreza”, afirma. Os outdoors do partido têm dado nas vistas. O presidente do ADN promete que vão continuar a fazer parte da paisagem das cidades. “Desta forma, temos a possibilidade e os meios de passar melhor a nossa mensagem”, refere Bruno Fialho.
Confusão AD/ADN? “Isso é ficção científica”
Muito se tem falado da confusão entre Aliança Democrática (AD) e ADN na hora de votar. Bruno Fialho sorri perante a polémica. “A AD andou uma semana a alertar os seus eleitores para que não se enganassem. No próprio dia das eleições, e ao contrário da lei eleitoral, fizeram uma campanha a apelar ao voto e a denegrir o ADN. Acho muito difícil que esses enganos todos tenham, de facto, acontecido”, diz.
Parece (quase) impossível chegar a conclusões. Houve, porém, que arriscasse a conta – a Rádio Renascença avançou que o ADN pode ter tirado três deputados à coligação que juntou PSD, CDS e PPM. “Sinceramente, penso que essa história é um bocado ‘ficção científica’. Achar que houve 70, 80 ou 90 mil pessoas que, na hora de votar, se tenham enganado? Não posso acreditar que existam tantos portugueses ingénuos”, defende Bruno Fialho.
Com ou sem enganos, a verdade é que o ADN multiplicou por dez a votação de há dois anos. Foi o partido mais votado dos que ficaram fora da Assembleia da República, com 1,63% (tinham sido 0,19% em 2022). Para se perceber a dimensão deste resultado, importa destacar que o ADN teve mais votos do que CDS, PAN e Livre em 2022. Há dois anos, o Livre conseguiu a eleição de Rui Tavares, mas teve apenas 69 mil votos (valeram os quase 29 mil no círculo de Lisboa).