Um ano depois de Marcelo Rebelo de Sousa lhe ter apontado baterias, imputando-lhe incapacidade de ser uma “alternativa óbvia” a António Costa, Luís Montenegro quer entregar um esboço do futuro governo da Aliança Democrática (AD) ao Chefe de Estado já na próxima quarta-feira, 20, quando for recebido no âmbito das audições aos partidos eleitos nestas legislativas, por forma a convencer Belém não só da resistência política do projeto que venceu (à tangente) as eleições como também da capacidade de ultrapassar os ventos adversos que aí vêm à esquerda e à direita.
Tendo em conta que a parca vitória da AD (28,6%, no Continente – 29,5%, contando com a lista PSD/CDS no círculo da Madeira –, dos votos e 79 deputados, contra os 28,7% e 77 deputados dos socialistas) não terá sido nada que apanhasse o líder social-democrata desprevenido, até porque o aumento das intenções de voto, face ao PS, só se registaram nas últimas duas semanas de campanha eleitoral, Montenegro apenas irá blindar politicamente um desenho do seu Conselho de Ministros, que antes do dia 10 de março se pautaria por um caráter mais técnico e com uma alta participação de independentes. A ponta do véu dessa estratégia foi levantada por Montenegro, na última terça-feira, 12 de março, na reunião da comissão permanente do partido e da comissão política nacional do PSD (dois órgãos que funcionam como núcleos duros do presidente “laranja”), sobre as quais não houve qualquer divulgação pública a pedido do próprio, como apurou a VISÃO.