A maioria absoluta do Partido Socialista, em Portugal, tão singular no contexto europeu, não foi afinal um garante de estabilidade. E todos os estudos de opinião, desde que o primeiro-ministro se demitiu, a 7 de novembro, sugerem que o próximo Parlamento obrigará a um esforço suplementar para entendimentos.
O centro está em erosão. A direita cresce, com o Chega a fazer sombra. A esquerda arrisca-se a ter menos lugares na próxima Assembleia da República, mas, se Pedro Nuno Santos for o líder socialista, a ponte de diálogo está construída e o antigo ministro das Infraestruturas não deve viabilizar um governo minoritário social-democrata (ao contrário do seu principal adversário nas diretas do PS, José Luís Carneiro), pelo que ganhar não é um pré-requisito para chegar ao poder, como provou a Geringonça (2015). Lá fora, contas semelhantes atravessaram 85% dos governos dos países da União Europeia (UE), apoiados no mínimo por dois partidos. Para os analistas é quase certo que Portugal se junte a este grupo de países e aumente a estatística. E os partidos, o que querem fazer?