O ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, responsabilizou, esta quarta-feira, na Comissão Parlamentar de Inquérito, a ex-administração da TAP pelo pagamento de 500 mil euros à antiga administradora Alexandra Reis. Na sua declaração inicial, o antigo governante referiu apenas ter “acompanhado ao longe” todo o processo, dizendo que apenas o aprovou “politicamente” para dar “as melhores condições” que a ex-CEO, Christine Widener, reclamava.
Para Hugo Mendes, toda a condução do processo é da responsabilidade da TAP. Aliás, revelou, o valor da indemnização foi-lhe comunicado pela administração da TAP, que lhe reencaminhou um email do escritório de advogados que representou a TAP. O antigo secretário de Estado referiu que toda a questão foi acompanhada por escritórios de advogados “experientes” e que nenhum deles levantou qualquer obstáculo legal ao acordo, entretanto colocado em causa pela Inspecção geral das Finanças que o considerou nulo. “Pautei-me sempre pelo princípio da responsabilidade das administrações e pelo princípio da confiança”.
Ainda assim, Hugo Mendes penalizou-se por não ter comunicado o acordo ao seu homólogo das Finanças, Miguel Cruz.
O ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, iniciou a sua participação na Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP (CPI) com uma intervenção auto-elogiosa do seu trabalho do Ministério, referindo ter sempre dado condições às administrações da companhia para fazer o seu trabalho. Hugo Mendes sublinhou ter mantido uma excelente relação com o Ministério das Finanças, dizendo, por isso, ser “ridícula a acusação” de que pretendeu “impedir a comunicação da TAP” com as Finanças.
Esta foi a primeira resposta de Hugo Mendes a uma das críticas de que tem sido alvo nos últimos meses, depois de ter sido conhecido um email, no qual disse à ex-CEO da TAP, Christine Ourmières-Widenerque, a “porta de entrada” da administração da TAP com o Governo era com o Ministério das Infraestruturas
Sobre outra das acusações – um email enviado pela ex-CEO a Hugo Mendes a pedir a sua opinião sobre o pedido que recebeu da agência de viagens para alterar um voo do Presidente da República, tendo o então governante respondido que era importante manter o apoio político de Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que era o “principal aliado” do Governo mas que poderia tornar-se o “pior pesadelo” – Hugo Mendes admitiu que não deveria “ter partilhado aquela opinião. Uma opinião infeliz”. Porém, garantiu não tratar-se de uma instrução, dado que nunca mais se interessou pelo caso.