Bernardo Blanco estreou-se no púlpito da Assembleia da República como deputado no dia 25 de abril de 2022. Tinha ainda 26 anos. Já havia feito intervenções no hemiciclo, mas dali “a da sala torna-se muito diferente”, admite. Estava nervoso. Pesava-lhe a responsabilidade. Acabou de escrever o discurso – em que apelava “ao inconformismo de Abril para romper com a estagnação” – na véspera, por volta meia-noite, e quis testá-lo.
“Lembrei-me de uma teoria da psicologia que diz que, quando estamos num sítio pela segunda vez, ficamos muito mais à vontade. Fui até ao hemiciclo. A porta estava fechada, mas andei à volta, à procura de uma alternativa, e consegui entrar pela porta dos assessores. Usei uma cadeira para saltar lá para dentro e consegui chegar ao púlpito. Estava tudo às escuras, e eu ainda hoje não sei onde são as luzes do plenário. Por isso, liguei a lanterna do telemóvel, apontei para a sala e li o texto duas ou três vezes”, conta à VISÃO.