Luís Paixão Martins, o estratega de comunicação que ajudou a alcançar duas maiorias absolutas em eleições legislativas (2005 e 2022) e uma vitória à primeira volta nas presidenciais (2006), vai agora aconselhar o Partido Socialista fora do período eleitoral.
O consultor, que esteve ao lado de António Costa nas últimas eleições na definição da estratégia da campanha, já começou a auxiliar na comunicação do partido do Governo desde 1 de março. Com a imagem do Governo fragilizada pelos famosos “casos e casinhos” e o PS a descer nas sondagens e intenções de voto, o consultor vem reforçar o núcleo duro que está a pensar a forma de passar a mensagem e chegar aos portugueses.
À VISÃO, Luis Paixão Martins confirmou a sua contratação, que explicou ser “temporal”, ou seja, “por projeto”, sem adiantar qual o prazo para o qual foi contratado.
A sua função será aconselhar o partido e, naturalmente, o secretário-geral do PS, que também é o Primeiro-Ministro. Fala frequentemente com António Costa nesta tarefa? “Claro, mas para conversar com António Costa não preciso de ser contratado pelo PS”, responde Paixão Martins.
Chega como “obstáculo objetivo”?
A VISÃO sabe que uma das suas primeiras tarefas do homem a quem alguns chamam “guru do marketing político” – que lançou em janeiro o livro “Como Perder Uma eleição” (Livros Zigurarte), onde analisa os erros a evitar numa campanha – foi encomendar uma sondagem política quantitativa e um estudo qualitativo.
O objetivo definido no briefing é aprofundar o conhecimento da circunstância “de o PS ser um dos mais representativos da Europa, enquanto a direita populista é uma das menos representativas”. E assim procurar explicar, ao contrário do que alega a oposição de que os dois partidos são “aliados objetivos”, que “o PS é, sim, o obstáculo objetivo do Chega”.
Reformado, mas sempre ON
Luís Paixão Martins está reformado, depois de vender a LPM Comunicação, que hoje é dirigida pelo filho João Paixão. O Observador revelou ontem que a empresa foi agora também contratada, através da secretaria-geral da Presidência do Conselho de Ministros, para prestar apoio em serviços de assessoria de imprensa.
No seu livro recém-lançado, Paixão Martins recorda um dichote do marketing político: “no Governo escreve-se em prosa, nas campanhas faz-se poesia”. Anunciar muitas medidas e fazer promessas tem de ser gerido com cautelas, porque isso cria um problema de credibilidade para o candidato em vez de atrair eleitores, explica. Para ver que tipo de “texto” vai escrever agora a contrato do PS – se prosa se poesia – e que “soundbitês” vai escolher, será esperar para ver.