Em declarações à agência Lusa e RTP no final de uma iniciativa sobre saúde materna, em Lisboa, onde esteve durante cerca de duas horas a ouvir testemunhos de profissionais de saúde e mães, Paulo Raimundo foi questionado sobre a decisão desta sexta-feira do Tribunal Arbitral de fixar serviços mínimos a pedido do Governo, para a greve por tempo indeterminado de professores e não docentes.
Sobre se considera que esta decisão coloca em causa o direito à greve, como defendido por alguns sindicatos, Paulo Raimundo respondeu: “sim, acho que o Governo fez mal em ir por esse caminho”.
“Temos dito isso várias vezes, o Governo fez mal em ir por esse caminho (…) está sempre a tempo de emendar o erro que tomou, acho que é um erro, está a criar um ambiente que não se justifica e esperemos que a intenção não seja ir mais longe”, avisou.
Interrogado, a título de exemplo, sobre o caso de crianças que apenas têm acesso a refeições nas escolas, Paulo Raimundo respondeu que é sensível a estas situações “dramáticas” mas salientou que estas têm “uma outra questão por trás que ainda é mais preocupante”.
“Se as crianças o único sítio onde podem ter uma refeição é na escola, então esse é que é o problema de fundo que a gente precisa de resolver (…) Até é um bocadinho insultuoso o Governo argumentar com uma coisa dessas”, atirou.
O dirigente comunista insistiu na necessidade de fixar preços de bens essenciais como forma de “ajudar a esse problema”, algo que o executivo “não tem feito”.
O coordenador do Sindicato de Todos os Profissionais de Educação (STOP), André Pestana, apelou hoje aos milhares de manifestantes presentes no protesto em Lisboa para que, na próxima semana, parem e “encerrem as escolas de norte a sul do país”.
A concentração de hoje começou por volta das 13:00 em frente ao ministério da Educação e terminou às 18:30, em frente ao Palácio de Belém, com os manifestantes a gritar “Não Paramos” e “Vitória”.
Professores e pessoal não docente reivindicam melhores condições de trabalho e salariais. O STOP pede que todas as pessoas que trabalham nas escolas tenham um aumento de 120 euros para fazer face ao aumento do custo de vida.
Além dos protestos do STOP, estão a decorrer greves organizadas pelo SIPE e por uma plataforma composta por oito sindicados, da qual fazem parte as duas maiores estruturas sindicais do setor da educação: a Federação Nacional de Professores (Fenprof) e a Federação Nacional de Educação (FNE).
ARL (SIM/MYCA) // SF