Quatro dias, cinco declarações. Se a 25 de dezembro Marcelo Rebelo de Sousa não via “incompatibilidades” na indeminização atribuída pela TAP, em fevereiro, à atual secretária de Estado do Tesouro, esta terça-feira já admitiu a possibilidade de a governante deixar o cargo. Reveja o que o Chefe de Estado tem dito sobre o mais recente caso a atingir o governo socialista.
24 de dezembro: Em silêncio
No dia em que o Correio da Manhã notícia que a secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, recebeu uma indemnização de 500 mil euros por deixar antecipadamente o cargo de administradora executiva da TAP, a dois anos do fim do mandato, o Presidente disse, perante a insistência dos jornalistas, que não costuma pronunciar-se sobre casos concretos.
25 de dezembro: Não há incompatibilidade
Menos de 24 horas depois, o Presidente notava que “à primeira vista” não via qualquer incompatibilidade no caso, ressalvando que ainda tinha “poucos elementos” para fazer uma análise mais profunda.
25 de dezembro: Indemnização é “legal”, mas “faz muita impressão”
Marcelo afirmaria ainda no mesmo dia, em Pombal, que do “ponto de vista jurídico” a situação lhe parecia “legal”, apesar de ter reconhecido que “faz impressão” ao “comum dos portugueses” o valor em causa, principalmente, “em tempo de crise” e tratando-se de uma empresa estatal.
Vai mais longe na defesa da governante e acrescenta: “Por aquilo que apurei, trata-se de uma indemnização negociada de um terço e a sua saída foi por decisão da empresa e não a pedido da própria”. Ou seja, Marcelo sugere que Alexandra Reis poderia até ter deixado a companhia área portuguesa com um cheque de 1,5 milhões de euros no bolso. Isto no mesmo dia em que lançou a hipótese de o dinheiro poder ser devolvido…
26 de dezembro: É preciso saber mais!
Marcelo junta-se ao coro de críticas da oposição e pede mais esclarecimentos, pressionando o Governo – “não é um caso estritamente individual”, admite.
Na Guarda, à margem de uma visita à Serra da Estrela, o Presidente revelou não ter dúvidas de que a TAP e a atual governante fizeram um acordo para pôr fim ao contrato em fevereiro, antes de a segunda se ter tornado presidente da NAV. Mesmo assim, expõe uma série de questões que pretende ver respondidas pelo Executivo.
27 de dezembro: Marcelo pressiona
À medida que as horas passam, o tom de Marcelo endurece e, esta terça-feira, o chefe de Estado subiu o nível de pressão e até colocou o cenário da demissão da secretária de Estado. Mas primeiro são precisas justificações – “Vamos ver o que se passou juridicamente. Eu estou a dizer que se deve começar pelo início. As pessoas esperam o esclarecimento, aí se retirará ou não as consequências do que foi esclarecido”, defendeu Marcelo, numa visita a Murça, Vila Real.