O recandidato a presidente do Conselho de Jurisdição do PSD, Paulo Colaço, não deixou as palavras do líder parlamentar passar incólumes, na tarde de conclave laranja, em Santa Maria da Feira. A tensão nos últimos meses entre os dois dirigentes culminou num mano a mano perante centenas de delegados, com Colaço a denunciar mentiras depois de Adão Silva queixar-se de traição. O responsável pela Jurisdição arrancou um aplauso do pavilhão multiusos do Europarque.
Quase oito meses passados sobre a condenação de Adão Silva pelo Conselho Nacional de Jurisdição (CNJ), por violação dos estatutos do partido, o líder parlamentar lamentou, na tarde deste sábado, os “abomináveis tiros nas costas” que foram desferidos a partir daquele órgão. Segundo o responsável pela bancada do PSD, o partido “dispensava as decisões e proclamações políticas” vindas do CNJ, uma atuação que visou “achincalhar” os dirigentes sociais-democratas, criticando quem tenta “denegrir o líder”.
As palavras de Adão Silva acontecem após ter visto do Tribunal Constitucional (TC) uma anulação do castigo aplicado pelo CNJ. Em causa esteve o facto de Adão Silva não ter dado seguimento no Parlamento a uma moção setorial que defendia um referendo sobre a eutanásia – Rio também foi condenado, mas não houve lugar a sanção. O TC considerou que o líder parlamentar não tinha sido notificado pelo CNJ e anulou a decisão.
Ora, após as fortes palavras de Adão e Silva, Paulo Colaço pediu direito de resposta ao presidente da Mesa do Congresso, Paulo Mota Pinto, para desferir um ataque ao líder parlamentar.
“De quatro processos, perdemos apenas o seu processo [no Constitucional]. E sabe porquê? Porque o senhor mentiu ao Tribunal Constitucional? O senhor disse que não foi notificado por nós [CNJ]. Mas o senhor foi contactado por nós. O Tribunal Constitucional não beliscou uma virgula da nossa decisão, da nossa argumentação. O Constitucional disse que não o contactámos, mas contactámos. Parabéns por ter um ganho esse processo – mas o senhor sabe como o ganhou”, disse Paulo Colaço, que dirige o tribunal do partido desde o congresso de Viana do Castelo, em fevereiro de 2020, quando derrotou Fernando Negrão, o grande favorito ao cargo.