No arranque de um congresso em que o guião já está delineado, mas onde os pequenos gestos dirão muito sobre o futuro dos socialistas, António Costa manteve a incógnita acerca do que está porvir dentro de dois anos, quando terminar o mandato como secretário-geral – para o qual foi eleito nas diretas já há uns bons meses, ainda que sendo agora confirmado na reunião magna do partido, em Portimão.
Sendo Pedro Nuno Santos o único que não seguiu um roteiro, que incluiu a chegada programada durante a manhã dos “Fab-4” antes do líder (Ana Catarina Mendes, Mariana Vieira da Silva, Fernando Medina e Pedro Nuno Santos) – já que nem sequer apareceu como nem sequer se sentou na mesa do congresso quando foi chamado -, Costa frisou que está para ficar e recusou abordar o horizonte.
“Fui eleito para um mandato de 2021 a 2023, cá estou eu agora. Em 2023, ca estarei também”, atirou o secretário-geral do PS, minutos antes do arranque do congresso, na Arena de Portimão, já depois de ter fugido às perguntas sobre o facto dos “Fab-4” terem passado a ter assento na mesa desta reunião magna – “A mesa é bastante ampla”, fez questão de dizer.
Costa disse que a dúvida sobre o dia seguinte “é uma questão que não se coloca”, enjeitando qualquer nome que o suceder: “Não quero andar fazer aqui pingue-pongue”.
“Se há coisa de que eu me orgulho no PS é de quando fui eleito em 2014 numas eleições primárias muito disputadas ter assegurado a unidade do PS a partir daí”, dando como exemplo José Luís Carneiro, secretário-geral Adjunto do PS, que há sete anos apoiou António José Seguro.
Já antes, a líder parlamentar, Ana Catarina Mendes, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, e o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, tinham driblado o tema. “Não faz sentido abrir portas que não estão abertas”, salientou Mariana Vieira da Silva, já um pouco irritada, à chegada, seguindo mais ou menos o mesmo tom de Medina e Ana Catarina Mendes.
Acabou por vir do peso político do Governo socialista, Augusto Santos Silva, o esclarecimento de que, neste momento, a estratégia não passada de “ir criando oportunidades para que gente qualificada possa ter oportunidades”. “Temos secretário-geral e iremos ter nos próximos anos”, disse o dirigente socialista, igualmente pré-encontro.
Quanto a Pedro Nuno Santos, não deixou de voltar a marcar uma posição, como há dois anos, na Batalha – onde mostrou estar disponível para outros voos no partido: chegou pelas 12.10 horas, tendo subido ao palco para se sentar ao lado de Mariana Vieira da Silva na mesa do congresso uma hora depois.