A PSP tem sob alçada disciplinar dezenas de polícias que, em junho, vestiram os polos de serviço na manifestação promovida pelo Movimento Zero. Os polícias são acusados de uso indevido e incorreto dos uniformes – uma infração que pode resultar em penas de suspensão ou multa.
A PSP confirmou à VISÃO “que se encontram em instrução processos disciplinares na sequência do uso de peças de uniforme policial por parte de polícias numa manifestação, contrariando o regulamento de uniformes da Polícia de Segurança Pública (PSP)”. Segundo foi possível apurar, vários polícias da PSP já foram identificados, e começaram a ser notificados com as respetivas notas de culpa. A GNR também deverá, em breve, proceder disciplinarmente em relação aos militares que usaram parte do uniforme naquela ocasião.
Recorde-se que, no dia 21 de junho, largas centenas de polícias concentraram-se em frente à Assembleia da República e ao Ministério da Administração Interna (MAI) para exigirem a atribuição do subsídio de risco e a atualização salarial. A ação, com o lema “Hora de agir – Unidos somos a tempestade que os atormenta!”, foi convocada pelo Movimento Zero – grupo inorgânico, aparentemente criado por elementos da PSP e GNR, que surgiu nas redes sociais em 2019. Nas vésperas da manifestação, o movimento apelou nas redes sociais a que os colegas envergassem o polo de serviço durante a ação, mas que também trouxessem consigo outros utensílios de trabalho: como algemas, chapéus ou divisas.
Estas ações disciplinares juntam-e ao processo administrativo anunciado pela Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI), logo no dia seguinte à manifestação, na sequência de alterações no percurso da marcha dos manifestantes – iniciativa previa uma concentração diante da Assembleia da República, mas a multidão derivou a meio da jornada para fora dos limites comunicados às autoridades, passando pelo MAI, no Terreiro do Paço, obrigando os agentes de serviço a cortarem o trânsito à pressa, instalando o caos no centro da capital. “A IGAI abriu um processo administrativo no âmbito do qual solicitou informações à Direção Nacional da PSP”, referiu aquela entidade que fiscaliza a atividade das polícias. A alteração no percurso levou também a própria PSP a apresentar o caso junto do Ministério Público, que também abriu um inquérito ao sucedido.