António Costa já foi um piloto da TAP a apertar o cinto, já foi um disco riscado, um “coveiro da constituição”, nos cartazes da Iniciativa Liberal (IL). Esta semana, o partido acusou o primeiro-ministro de limitar as liberdades dos portugueses, recorrendo à comparação com a polícia política do Estado Novo, a PIDE, que chegou a perseguir e a prender também o pai do governante. Na imagem, publicada na quarta-feira, dia do debate do Estado da Nação, o primeiro-ministro aparece fardado e com um emblema onde se lê “COVPIDE”, ao lado de uma lista de restrições. O caso gerou, mais uma vez, polémica: linguagem simbólica para uns, mau gosto e ultrapassagem de todos os limites, para outros.
Os liberais voltam a aplicar a estratégia de comunicação a que têm recorrido de forma regular, nas redes sociais e em outdoors em locais-chave. Relembre outros casos:
Os coveiros da Constituição
Surgiu no dia 1 de julho nas redes sociais, após o Conselho de Ministros em que foi anunciado o dever de recolhimento entre as 23:00 e as 5:00 nos concelhos em risco elevado e muito elevado por causa da pandemia de Covid-19. A Iniciativa Liberal juntou a sua voz à de alguns constitucionalistas e advogados, alertando para a inconstitucionalidade desta medida. “A liberdade de circulação é um direito fundamental, consagrado na Constituição da República”, escreveu o partido no Twitter.
Um avião de brincar
No dia da criança, o ministro das Infra-estruturas, Pedro Nuno Santos, foi o alvo dos liberais, por causa do financiamento para a companhia aérea portuguesa. Mas esta publicação, nas redes socias, já tinha na origem um cartaz onde o governante surgia de calções, chinelos, um avião no bolo e uma camisola com a cara de Che Guevara, onde se defendia que os socialistas faziam “voar o dinheiro dos contribuintes desde sempre”.
A sardinhada de carapaus
Como bom cartaz da IL não podia deixar de gerar polémica, embora por motivos diferentes dos acima mencionados. A sardinhada, com carapaus [na imagem], era para ter sido, segundo o coordenador liberal no Porto, Pedro Schuller, um “jantar como outro qualquer”, reservado a 30 pessoas; mas depois de divulgado no Facebook depressa o festejo do São João atraiu a atenção dos órgãos de comunicação social por causa das restrições da pandemia. Acabou a ser apagado, mas na Internet nada desaparece simplesmente…
A TAP e o cinto apertado
O cartaz de protesto contra a ajuda financeira à TAP, em que Costa aparece vestido de piloto com o Presidente da República no bolso, foi colocado num dos sítios com maior visibilidade de Lisboa: a Praça Duque de Saldanha. Mais tarde, duplicou a presença na Segunda Circular para reforçar a mensagem do deputado João Cotrim de Figueiredo – “nem mais um euro para a TAP”.
No Saldanha, este cartaz teve de ser colocado duas vezes, porque a primeira imagem foi danificada, o que levou o partido a apresentar queixa pelo “furto de Costa”.
Vira o disco e toca o mesmo
Um vinil que roda com o vento e alterna entre Rui Rio e António Costa. E a mensagem “vira o disco e são sempre os mesmos” para criticar a união de forças do bloco central, em novembro de 2020, na aprovação do Orçamento Suplementar, na nomeação de Mário Centeno para governador do Banco de Portugal e no fim dos debates quinzenais com o primeiro-ministro. Colocado na rotunda do Marquês de Pombal, Lisboa, a Iniciativa Liberal prometia assim andar a outro “ritmo”.
Impostopoly
Foi uma das publicidades da IL que mais atenção pública atraiu e apelava à taxa única de 15% de IRS. Criado pelo publicitário Manuel Soares Oliveira, foi colocado na Praça Duque de Saldanha, em Lisboa, (mesmo local que o da TAP) graças a um crowdfunding nas redes sociais e a contributos de militantes, que durou apenas cinco dias.
Neste tabuleiro de Monopólio todas as casas de jogo obrigam ao pagamento de um imposto diferente sob o lema “o jogo em que todos perdem”. Assim, chamavam os liberais a atenção para a sua proposta de taxa única de IRS “com uma isenção dos primeiros 650 euros e isenções adicionais de 400 euros por agregado familiar, por cada filho”.
#COM PRIMOS
Foi dos primeiros exemplares da estratégia de comunicação do partido. Na campanha das legislativas de 2019, a IL colocou um cartaz seu ao lado de um do PS com um trocadilho com o “#cumprimos” de Costa, que passou o “Com Primos”, numa alusão aos cargos atribuídos a familiares para o Governo.