Com o Movimento Zero em silêncio – sem se associar ou fazer qualquer menção à ação nas redes sociais onde contacta milhares de seguidores – e com a Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) e a Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR) de fora da organização (embora presentes), a manifestação dos polícias, convocada por um novo projeto inter-sindical, realizada esta quinta-feira, em forma de dupla vigília, à porta do Palácio da Ajuda, onde decorreu o Conselho de Ministros, e do Ministério da Administraçao Interna (MAI), no Terreiro do Paço, esteve longe de impressionar.
O protesto foi convocado por uma plataforma constituída por 10 sindicatos da PSP e três associações socioprofissionais da GNR, da qual fazem parte a Associação Nacional de Guardas (ANAG), a Associação Nacional de Sargentos da Guarda (ANSG), a Associação Sócio Profissional Independente dos Profissionais da GNR (ASPIG), a Associação Sindical Autónoma de Polícias (ASAPOL), a Organização Sindical dos Polícias (OSP), o Sindicato Independente de Agentes de Polícia (SIAP), o Sindicato Independente Livre Polícia (SILP), o Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL), o Sindicato Nacional Carreira de Chefes PSP (SNCC), o Sindicato Nacional Oficiais de Polícia (SNOP), o Sindicato Profissionais de Polícia (SPP), Sindicato de Polícia pela Ordem e Liberdade (SPPOL) e o Sindicato Vertical da Carreira de Polícia (SVCP). Os polícias, vestidos de um preto-luto, bem se esforçaram por alargar o perímetro perante câmaras e objetivas, não hesitando abusar do distanciamento social.
Envergando cartazes com dizeres como “A vida dos polícias importa”, “Só não há dinheiro para os polícias” ou “Exigimos respeito”, os manifestantes voltaram a reinvindicar ao Governo o pagamento de um suplemento de risco no valor de 430,39 euros, ao nível daquilo que é pago aos inspetores da PJ e do SEF. Recorde-se que a proposta do Ministério da Administração Interna (MAI), apresentada no final do de junho, não foi além de um suplemento de 100 euros por mês para os elementos em funções de ronda e patrulha, 90 euros para quem tem funções de comando e 80 euros para os restantes (todos os operacionais da PSP e GNR recebem atualmente 31 euros).
Ponto de interesse: a presença do SNOP, o sindicato que representa a maioria dos oficiais da PSP, que pela primeira vez saiu à rua. Em comunicado, a estrutura explicou a mudança de posição, menos discreta, com o atual processo negocial com o Governo, que classificou, em comunicado, como “pouco dinâmico, nada razoável e ferido no respeito pelos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da prossecução do interesse público, não havendo espaço para uma verdadeira negociação”.
A jornada de luta dos polícias começou logo de manhã,frente ao Palácio da Ajuda, só conseguindo juntar cerca de meia centena de profissionais ligados à PSP e GNR; à tarde, a adesão aumentou. Junto ao MAI, eram cerca de duas centenas os policias presentes. Ao final da tarde, representantes da plataforma inter-sindical deslocaram-se ao interior do ministério para entregar um memorando conjunto dirigido a Eduardo Cabrita.
Entretanto, foi agendada para a próxima quarta-feira, dia 21, uma reunião entre os sindicatos da PSP e as associações da GNR com o secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna, Antero Luís. O governante até já admitiu disponibilidade do executivo de António Costa para atribuir aos polícias um subsídio de risco que garanta “alguma dignidade”, mas alertou que tal valor tem de ser “realista”. Para esse dia, está marcada nova manifestação às portas do MAI. E, desta vez, os polícias prometem uma verdadeira enchente.
[Notícia atualizada às 21h00 com as informações da vigília realizada na tarde desta quinta-feira, frente ao MAI, no Terreiro do Paço]