Nas comemorações do Dia do Trabalhador, do palco montado na Alameda D. Afonso Henriques, em Lisboa, Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, avisara que maio seria um “mês de luta intensa em todos os locais de trabalho”. Também o líder da UGT, Carlos Silva, em Figueiró dos Vinhos, assinalara que “quando a via do diálogo conduz a resultado zero, então chega o momento de ir para a rua”.
Os dois responsáveis pelas centrais sindicais convergem na ideia de que é preciso “acordar o País” e este mês vai ficar marcado por muitas greves, paralisações e protestos. Um movimento nacional para Mário Centeno ver, até porque as duas confederações entendem que o Orçamento do Estado para 2019 seja mais generoso para os trabalhadores.
A VISÃO elenca as principais jornadas de luta que marcaram e vão continuar a marcar estes 31 dias, aos quais Arménio Carlos chamou “maio quente”,
30 de abril a 5 de maio – trabalhadores da inspeção sanitária
Os funcionários da inspeção sanitária da Direção-geral de Alimentação e Veterinária iniciaram na segunda-feira uma greve de seis dias pela melhoria das condições de trabalho e pela criação de uma carreira especial.
Esses trabalhadores, médicos veterinários e auxiliares de inspeção, exercem as suas funções nomeadamente nos matadouros licenciados, para garantir que não entram no mercado alimentos que não são seguros.
Segundo o comunicado da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, ligado à CGTP, exigem a criação de uma carreira de inspeção sanitária, uma reivindicação que “os sucessivos governos têm ignorado”.
1 de maio – funcionários de super e hipermercados
Logo a abrir o mês, convocados pelo Sindicato dos Trabalhadores e Técnicos de Serviços, Comércio, Restauração e Turismo (Sitese), afeto à UGT, os trabalhadores das empresas de distribuição entraram em greve, reivindicando o seu direito ao gozo do feriado no Dia do Trabalhador e também melhores salários. Visavam, sobretudo, as empresas filiadas na Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED).
2 e 3 de maio – trabalhadores da saúde
Os trabalhadores do setor público da Saúde, exceto os médicos e os enfermeiros, estão em greve, segundo um pré-aviso entregue pelo Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (Sintap), ligado à UGT. Estão abrangidos os trabalhadores dos serviços tutelados pelo Ministério da Saúde, como os hospitais, que “sentem forte indignação pela degradação crescente das suas condições de trabalho”.
Ainda de acordo com o documento, reivindicam a aplicação do horário laboral de 35 horas semanais, progressões nas carreiras, reforço de recursos humanos, o pagamento de horas extraordinárias e a aplicação da ADSE (aplicável a funcionários públicos) a todos os trabalhadores.
4 de maio – funcionários das escolas
Os funcionários não docentes das escolas têm greve marcada para sexta-feira. Contestam a “insuficiência, a precariedade e a falta de reconhecimento” do seu trabalho, assim como a alteração da portaria de rácios de funcionários, a criação de uma carreira especial e o fim da municipalização da sua gestão. O pré-aviso de greve foi entregue pela Federação Nacional de Educação (FNE) e pela Federação dos Sindicatos da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (FESAP).
A paralisação pode ditar o encerramento de inúmeras escolas, visto que estas só podem abrir funcionar caso tenham um número mínimo de funcionários a trabalhar.
8 a 10 de maio – médicos
Os médicos têm paralisação marcada para 8, 9 e 10 de maio, numa jornada de luta convocada em conjunto pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM), afeta à CGTP, e pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM). Em causa, sustentam, está a degradação do Serviço Nacional de Saúde e das condições de trabalho dos médicos e a exigência de redução da lista de utentes por médico de família e de diminuição de 18 para 12 horas semanais de serviço de urgência obrigatório.
10 e 11 de maio – Infraestruturas de Portugal
Para a próxima semana, os trabalhadores da Infraestruturas de Portugal (IP), empresa pública que resultou da fusão entre a Estradas de Portugal e a REFER, também anunciaram a paralisação parcial no dia 10 e total nas 24 horas seguintes, depois de ter falhado a tentativa de acordo com o Governo e a administração. Batem-se pelo aumento dos respetivos salários.
A 2 de abril, data da última greve dos funcionários da IP, perto de 500 comboios deixaram de circular.
19 de maio – professores
No sábado seguinte, será a vez de os professores irem para a rua, numa manifestação que terá início no Marquês de Pombal, em Lisboa, conforme Mário Nogueira, líder da Fenprof, anunciou. O protesto tem como intenção que o Governo reconheça todo o período de serviço dos docentes que estivera congelado.
“Não vamos fazer num dia da semana, não vamos fazer um pré-aviso de greve, não vai afetar as escolas”, disse o sindicalista, que se mostrou, contudo, convicto de que o Executivo de António Costa compense agora os professores pelo congelamento das carreiras.
25 de maio – trabalhadores da saúde
Os sindicatos dos trabalhadores da saúde, desta feita afetos à CGTP, agendaram uma paralisação que também não abrange médicos e enfermeiros. Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, sublinhou, em declarações à Lusa, que a greve serve para reivindicar a aplicação das 35 horas semanais para todos os trabalhadores com contratos individuais (cerca de 75 mil funcionários) e também para negociar uma carreira para os assistentes operacionais, “os únicos sem uma carreira específica”.
9 de junho – Manifestação da CGTP
Tal como Arménio Carlos anunciou na terça-feira, Dia do Trabalhador, a Intersindical vai juntar milhares de pessoas numa “grande manifestação nacional” em Lisboa, com início junto ao Marquês de Pombal e encerramento na Praça dos Restauradores.
Uma ação de luta, antecipou o líder da CGTP, que vai “expressar as reivindicações dos trabalhadores e do povo, exigindo a rutura com a política de direita e a implementação de uma política de esquerda e soberana, que abra portas a melhores condições de vida e de trabalho, que valorize o trabalho e os trabalhadores”.
Com Lusa