Quatro meses depois de ter conseguido a aprovação do Tribunal Constitucional (TC), a Iniciativa Liberal (IL) vai juntar-se na próxima quarta-feira no desfile comemorativo do 25 de Abril, em Lisboa. É o próprio presidente do recém-formado partido, Miguel Ferreira da Silva, que confirma a participação dos militantes e simpatizantes da IL na descida pela Avenida da Liberdade, garantindo que a Associação 25 de Abril já respondeu favoravelmente ao pedido, “sem colocar nenhum entrave”.
Em declarações à VISÃO, o líder da mais nova força portuguesa explica que a iniciativa “tem a ver com o ADN” do partido e fundamenta a decisão: “Se defendemos mais liberdade política, social e económica, faz todo o sentido que nos associemos a todas as celebrações da própria liberdade.” Interrogado sobre o facto de aquela efeméride ser assinalada na capital essencialmente pelos partidos de esquerda, Miguel Ferreira da Silva evita polémicas, mas sublinha que, para a IL, “a liberdade é um património de todos os portugueses e não apenas de alguns grupos, estejam eles associados ou não a determinados partidos políticos”.
Com base nesse pressuposto, o dirigente dos liberais recusa que o legado da Revolução dos Cravos seja “património partidário” e considera que a “dicotomia esquerda/direita” nesse capítulo, ou qualquer tentativa de “apropriação do 25 de Abril”, estaria “profundamente errada” – mesmo que, por norma, sejam sobretudo personalidades do PS, BE e PCP a associar-se ao evento em Lisboa.
A IL começou esta quarta-feira a convocar os filiados e simpatizantes para o desfile da próxima semana e na newsletter onde é feito o apelo à participação pode ler-se “Obrigado pela democracia. Agora queremos liberdade.” Miguel Ferreira da Silva explica que a dimensão da liberdade (sem “o Estado a atrapalhar o nossos sonhos”, conforme escrevem os liberais) prende-se com a recusa de um Estado que “regule todas as pequenas nuances da nossa vida, até privada”. “É excessivo!”, enfatiza, antes de notar que não deveria bastar aos eleitores “escolher quem os representa, quem manda neles, de quatro em quatro anos”.
O presidente do partido não consegue, para já, adiantar o número de apoiantes da IL que participarão no desfile com início junto ao Marquês de Pombal e fim no Rossio, mas garante que será ele próprio a encabeçar a comitiva.
A IL, recorde-se, mereceu a aprovação do Tribunal Constitucional em dezembro do ano passado, altura em que se tornou o 22.º partido da democracia portuguesa. Antes disso, a 26 de Novembro, na Convenção Fundadora, que decorreu no Porto, ficaram definidos os órgãos sociais da nova força. Miguel Ferreira da Silva foi eleito presidente da Comissão Executiva (tendo Alexandre Krauss, Pedro Antunes, Miguel Rangel, Ana Teresa Mata como “vices”, Rodrigo Saraiva como secretário-geral e João Cascão como tesoureiro); Nuno Santos Fernandes assumiu a presidência do Conselho Nacional; Tiago Gonçalves foi escolhido para chefiar o Conselho de Jurisdição Nacional; e Carlos Figueira, o líder do Conselho de Fiscalização.
Poucos dias depois, de 1 a 3 de dezembro, as principais figuras da IL estiveram em Amesterdão no congresso da Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa (ALDE Party). Na cidade holandesa, o partido passou a integrar, por unanimidade, a família liberal europeia.