No seu discurso de vitória nas eleições diretas para a liderança social-democrata, em que elogiou o ainda presidente Pedro Passos Coelho, Rui Rio disse que sempre se guiou pelos ideais do fundador do PSD, Sá Carneiro, e que é essa “a bússola” que vai “continuar a seguir como meta”.
O partido, disse, “não foi fundado para ser um clube de amigos ou uma agremiação de interesses ou de grupos”.
Segundo Rui Rio, o PSD apresentar-se-á depois do congresso do partido, em fevereiro, como “alternativa de governo à atual frente de esquerda que se formou”.
“Alternativa capaz de dar a Portugal uma governação mais firme e corajosa, capaz de enfrentar grandes problemas estruturais”, bem como capaz de “restituir a vontade, a alma e a esperança”, vincou.
O ex-presidente da Câmara do Porto agradeceu a todos os militantes que votaram em si, a quem esteve a seu lado nestes três meses e ao seu adversário nas diretas, Pedro Santana Lopes, que “com generosidade e empenho se apresentou a estas eleições, permitindo assim um confronto de ideias que não só valorizam esta vitória como enriquecem os objetivos comuns”.
Santana Lopes assume derrota mas avisa que vai “continuar a combater”
“Vou continuar a combater politicamente.” Esta frase assemelha-se a uma outra que o próprio Santana Lopes celebrizou – “vou andar por aí.” O contexto é, também ele, parecido – uma derrota eleitoral. E a capacidade de renovação do candidato derrotado é conhecida. Não é por isso de estranhar que tenham sido estas as palavras escolhidas pelo ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa nesta noite em que perdeu a corrida à liderança do PSD.
Numa intervenção em que agradeceu o apoio de todos os militantes que participaram nas eleições e em particular na campanha, Santana Lopes fez um balanço positivo dos três meses em que esteve na estrada a tentar recolher os apoios que acabaram por não ser suficientes. “Fizemos um trabalho fantástico”, disse antes de lembrar a dificuldade de ter partido “depois” de o seu adversário interno já andar no terreno há mais tempo.
Quando entrou na sala do Hotel Júpiter em Lisboa, tinha uma plateia empolgada, de pé, a aplaudir intensamente enquanto gritava as siglas do partido. As cadeiras não chegaram pra todos os que quiseram mostrar-se solidários para com o candidato derrotado. Ainda assim, nenhum arredou pé até ao fim da intervenção de Santana Lopes.
Felicitou Rui Rio pela vitória e tentou olhar para o futuro. “O que interessa agora”, defendeu, “é que Portugal fique bem servido com esta escolha.” E deixou ainda um apelo a quem o apoiou: “peço que não fiquem tristes. Fizemos aquilo que é importante em política, que é lutar por aquilo em que acreditamos.” A sala levantou-se para aplaudir e voltar a gritar “PSD, PSD”, interrompendo o discurso por mais de um minuto. Um momento de claro apoio ao antigo primeiro-ministro, que acabou por se emocionar com a ovação.
No fim, agradeceu novamente aos que estiveram ao seu lado e lembrou as amizades que se fortaleceram ao longo da campanha. Rui Rio vai ser o próximo líder do partido depois de ter sido eleito com 54,4% dos votos contra os 45,6% alcançados por Santana Lopes.