Fernando Medina vai governar a Câmara Municipal de Lisboa em conjunto com o Bloco de Esquerda. O autarca do PS elegeu oito mandatos em 17 possíveis, ficando a um vereador da maiorira absoluta. Nos dias que se seguiram às eleições autárquicas o Presidente da autarquia da capital tentou chegar a acordo com PCP, que elegeu dois vereadores, e com o Bloco de Esquerda, que elegeu um. Com os comunistas as conversas não duraram muito tempo porque não havia, da parte do PCP, abertura para um entendimento com Fernando Medina. O mesmo não aconteceu com os bloquistas e, precisamente um mês depois das eleições, PS e BE fecharam o acordo. Ricardo Robles fica com três pelouros – o da educação, o da ação social e o da saúde – e o partido consegue ver vertidas no acordo algumas das suas propostas para a Câmara Municipal.
Duas das principais bandeiras do Bloco de Esquerda eram a Habitação e os Transportes. Duas áreas das quais Fernando Medina não iria abdicar na totalidade. No entanto, e para que o acordo fosse possível, o autarca socialista teve de ceder e admitir a aplicação de algumas medidas propostas pelo BE. Assim, o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa comprometeu-se a discutir com o Governo a possibilidade de expandir a rede de metro até à zona ocidental da cidade e rever a criação da linha circular. Há ainda o compromisso de contratar 200 novos motoristas para a Carris e de adquirir um mínimo de 250 autocarros até ao final do mandato. Na habitação, os dois partidos acordaram a criação de 3.000 fogos de renda acessível até 2021 e a consituição de uma entidade de âmbito municipal que fiscalize o alojamento local.
Uma das principais medidas que saem deste entendimento entre socialistas e bloquistas é precisamente na área da educação, que vai ficar sob tutela de Ricardo Robles nos próximos quatro: os manuais escolares vão ser gratuítos até ao 9º ano na escola pública. Uma medida que não vai já entrar em vigor mas terá uma aplicação gradual. Já neste ano letivo, por exemplo, o dinheiro dos manuais para os 2º e 3º ciclos será devolvido pela autarquia. Na área da saúde, o acordo entre os dois partidos prevê a criação e recuperação de um total de 14 centros de saúde.
Outra das áreas pelas quais o Bloco de Esquerda sempre se bateu foi a dos direiros sociais, e o pelouro correspondente também vai ficar nas mão de Ricardo Robles. Uma das medidas nesta área que mais mediatismo tem tido é a criação de um centro de acolhimento para a comunidade LGBT+, assim como a criação de um centro de apoio a vítimas de violência doméstica que funcione 24h por dia.
Um mês depois das eleições autárquicas os objetivos dos dois partidos para a Câmara Municipal de Lisboa ficaram traçados. Esta quinta-feira, às 13h, PS e BE vão oficializar o acordo e apresentar as medidas publicamente. A cerimónia vai decorrer no Teatro São Luiz.