A época mais crítica de incêndios florestais termina hoje com mais de 230 mil hectares de área ardida, a maior da última década e a terceira desde que há registos, e a morte de 64 pessoas em Pedrógão Grande.
A fase ‘Charlie’, em que o dispositivo de combate a incêndios está na sua máxima força, começou a 1 de julho, mas os meios tiveram que ser reforçados devido ao incêndio de Pedrógão Grande, que a 17 de junho provocou a morte de 64 pessoas e ferimentos em 200, além de ter afetado cerca de 500 habitações.
Durante esta época de incêndios falou-se muito das falhas no funcionamento do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP), que começaram no incêndio de Pedrógão Grande e repetiram-se, pelo menos, nos fogos de Alijó, Abrantes, Mealhada, Cantanhede e no distrito de Castelo Branco.
O fogo que provocou maior área ardida este ano registou-se no distrito de Castelo Branco, teve origem no concelho da Sertã e consumiu 29.758 hectares de espaços florestais.
Num ano em que a severidade meteorológica registou o segundo valor mais elevado desde 2003, os incêndios florestais consumiram 239 mil hectares, segundo o Sistema Europeu de Informação sobre Fogos Florestais, que indica também que Portugal é o país europeu com mais área ardida na última década.
As últimas estatísticas do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas dão conta de que as chamas consumiram quase 210 mil hectares, o valor mais elevado dos últimos dez anos e o terceiro desde que há registo, sendo apenas ultrapassado por 2003 (425.839 hectares) e 2005 (339.089).
Antes de terminar a época crítica de incêndios, o comandante operacional nacional da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), Rui Esteves, pediu a demissão a 14 de setembro na sequência de denúncias sobre a obtenção da sua licenciatura e da acumulação de funções públicas.
Durante os incêndios foram várias as críticas a Rui Esteves quanto à forma como a ANPC coordenou ou incêndios, como foi o caso da Câmara de Mação que avançou com uma participação à Inspeção Geral de Administração Interna para apuramento de responsabilidades no fogo de julho.
Durante a fase ‘Charlie’ estiveram envolvidos no combate a incêndios 9.740 operacionais e 2.065 viaturas, apoiadas por 48 meios aéreos e 236 postos de vigia da responsabilidade da GNR.
Os meios de combate vão ser reduzidos a partir deste domingo com a entrada da fase ‘Delta’, que termina a 31 de outubro, mobilizando 5.518 elementos e até 1.307 veículos.
Nesta fase, os meios aéreos são 22 até 5 de outubro, 18 até 15 de outubro, e dois até 31 de outubro, podendo ser reforçado até um máximo de oito, sendo seis da frota do Estado.
Apesar de uma redução nos meios de combate, o período crítico do Sistema de Defesa da Floresta, que prevê a proibição de lançar foguetes e fazer queimadas e fogueiras nos espaços florestais, foi prolongado até 15 de outubro.
Segundo uma portaria assinada pelo secretário de Estado das Florestas, o prolongamento do período crítico e a respetiva adoção de medidas e ações especiais de prevenção de incêndios florestais, que normalmente termina a 30 de setembro, deve-se a “circunstâncias meteorológicas excecionais prováveis para a primeira quinzena de outubro”.