
Fruta fresca? Tem de trazer de casa
“Olha a bolinha! Com creme e sem creme!” O pregão é já um som caraterístico em qualquer praia do território português. Os vendedores ambulantes de bolas de Berlim correm no verão quase todas as praias do país e, no Algarve, não há hora em que não passe alguém a carregar este doce pela areia.
Em 2014, a empresa FrutaMar teve uma outra ideia: vender fruta fresca para combater o calor algarvio nas praias. O negócio revelou-se um sucesso e os vendedores aumentaram, bem como as praias em que apregoam a sua venda. No entanto, o “olha a fruta na praia” não é para todos. Quem este ano ande pelas praias de Cabanas. Ilha de Tavira e Praia da Terra-Estreita deixou de ouvir este pregão. É que a Capitania do Porto de Tavira não autorizou a venda ambulante de fruta fresca nestas praias.
E o ministério da Defesa confirma esta interdição. Numa resposta enviada ao Parlamento, a que a VISÃO teve acesso, o gabinete de Azeredo Lopes diz que a venda de fruta fresca nestas três praias “não foi autorizada”. E justifica a interdição com o facto de terem um apoio de praia que já assegura a venda de fruta fresca.
Ora, não existem também os mesmos apoios de praia na Manta Rota ou Vila Real de Santo António? Existem sim. E não está nestas praias autorizada a venda ambulante de fruta fresca? Está sim. Então qual é a diferença, perguntou ao Governo o PCP.
“O que se verifica é a diferença morfológica entre aquelas praias, que influencia a capacidade de carga populacional e a loocalização dos apoios de praia existentes”, explica o ministério da Defesa. Ou seja, é preciso garantir “a segurança e o conforto dos utentes”. E no caso das praias de Tavira, tendo menos capacidade ocupacional também têm menos hipótese de receber licenças para venda ambulante.
Por isso, já sabe, se for para Tavira, leve fruta na geleira. Porque na praia só terá bolas de Berlim.