A três dias do debate do Estado da Nação, o líder do PSD fez esta segunda-feira, 4, o exame à governação de António Costa. Em “2016: o ano da reversão da credibilidade”, o artigo de opinião que publica no Diário de Notícias, Passos Coelho começa logo por dizer que num ano as coisas mudaram muito, “infelizmente para pior”.
O líder da oposição começa por ressalvar que a perspectiva de crescimento económico recuou para 1% e que o emprego parou de crescer. “O investimento caiu a pique e as exportações interromperam os bons resultados do passado, deixando antever uma deterioração da balança externa”, nota ainda Passos Coelho.
Para o líder do PSD, o desfile de desgraças não acaba aqui: “crescem novamente os atrasos de pagamentos a fornecedores”, “o adiamento de despesa, corrente e de investimento, tornarão o segundo semestre uma bomba ao retardador”, “as taxas de juro portuguesas (…) deixaram de estar próximas das espanholas e italianas e voltaram à tendência preocupante para delas divergir”.
Passos Coelho finaliza a primeira parte do seu artigo com a seguinte conclusão: “Movido pelo lema de virar a página da austeridade, o novo governo o que virou foi a página da credibilidade e atirou a confiança pela janela fora”.
Na parte final do texto, o social-democrata concentra-se em desmontar o que considera uma “tentativa desesperada de reescrever a história”, imputando aos socialistas a responsabilidade pelas possíveis sanções da comissão europeia pela instabilidade financeira.
O ex-primeiro-ministro nota que “desde cedo apareceu a conversa sobre as medidas adicionais”, porque o governo não conseguiu “convencer a Comissão Europeia nem o Eurogrupo da bondade e da viabilidade das suas intenções”. Acaba a lamentar a possibilidade de Portugal ficar associado “a uma primeira decisão de aplicação de sanções a qualquer país”.
Passos debruça-se ainda sobre a situação da banca. Considera que o governo tratou da “pior maneira a situação do Banif, que acabou por custar demasiado aos bolsos dos contribuintes” e que alimenta “especulações sobre a Caixa Geral de Depósitos e o Novo Banco”.
No último parágrafo do texto, Passos Coelho desmonta ainda o que considera o álibi do governo. “Quando externamente algumas contingências previsíveis se concretizam [como o Brexit], o governo atua como se tudo isso fosse inesperado”, notando que se as coisas estão a correr mal, “é apenas a consequência natural da falta de prudência e da visão fanfarrona daqueles que nos governam hoje”.